Estudos associam persistência do coronavírus em jovens assintomáticos

Uma das hipóteses é que os mais jovens consideram ter um menor risco de contrair o vírus e, ao se deslocarem mais, acabam contaminando mais pessoas
Redação26/07/2020 05h15, atualizada em 27/07/2020 12h54

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Na China e em Cingapura, dados de surtos iniciais mostram que pessoas que inicialmente não pareciam doentes contribuíram para 48% das transmissões em Cingapura e 62% em Tianjin. Já em Hong Kong e no Reino Unido, estudos estimam que pessoas assintomáticas podem ser responsáveis por metade da disseminação do vírus Sars-Cov-2.

Em todo o mundo, o novo coronavírus está reaparecendo em locais que acreditavam tê-lo eliminado, muitas vezes em surtos envolvendo grupos reduzidos e localizados de pessoas contaminadas, em geral, por um único infectado. Seja em Melbourne, na Austrália, em Leicester, no Reino Unido, ou ainda em Pequim, na China, o retorno levou autoridades a reforçar medidas, após elas já terem sido relaxadas.

CHINA.jpgNovos casos de Covid-19 foram registrados em todo o mundo no dia 18 de julho. Foto: Issei Kato/Reuters

No dia 18 de julho, 260 mil novos casos foram registrados em todo o mundo, o maior registro diário desde o início da pandemia. Desde então, o total diário global está em queda. Todavia, muitas pesquisas indicam que pessoas assintomáticas podem estar desempenhando um papel importante na disseminação do vírus. Com isso, especialistas estão alertando contra a displicência com a Covid-19.

Na China, uma mulher que não apresentava sintomas, mas estava em quarentena depois de voltar dos Estados Unidos, acabou sendo responsável por 71 outras infecções depois de usar o elevador do seu prédio. Para o professor de virologia Hitoshi Oshitani, da Escola de Medicina de Tohoku, no Japão, existem “…muitos dados indicando que a transmissão antes dos sintomas aparecerem é muito comum, o que dificulta o controle do vírus”. O mesmo participou de um estudo recente que localizou como origem de vários surtos, jovens que não se sentiam doentes.

Mais de 3 mil casos no Japão foram analisados e publicados no Emerging Infectious Diseases Journal, do Centro para o Controle e Prevenção de Enfermidades (CDC), nos EUA. A análise detectou 22 pessoas que possivelmente deram origem a surtos fora de hospitais onde, metade delas tinha entre 20 e 30 anos.

Para a pesquisadora de virologia da Universidade de Kyoto, Yuki Furuse, essa descoberta foi especialmente surpreendente porque a maioria dos casos de coronavírus registrado no país, na época da pesquisa, eram de pessoas com mais de 50 ou mais de 60 anos. Ela destacou que uma das hipóteses é que os mais jovens consideram ter um menor risco de contrair o vírus e, ao se deslocarem mais, acabam contaminando mais pessoas.

Nós EUA, dados mostraram que em Seattle metade dos novos casos eram de jovens entre 20 e 39 anos. Cerca de 70% das pessoas que testaram positivo desde 30 de maio tinham menos de 60 anos, conforme dados do CDC. Um dos primeiros casos de transmissão sem sintomas do novo coronavírus aconteceu no navio de cruzeiro Diamond Princess: um terço dos 712 infectados a bordo não apresentava sintomas.

Prevenção

Ainda não está claro se pessoas sem sintomas são mais contagiosas ou menos contagiosas e o quanto elas contribuem para a disseminação do vírus. Por isso, o combate as medidas de higiene parecem ser muito eficazes.

Em países que reintroduziram o lockdown, como a Austrália, autoridades de saúde só aconselharam as pessoas a usarem máscara, sentindo-se ou não doentes, recentemente. Já na Alemanha, as máscaras se tornaram obrigatórias no fim de abril, e estudo mostrou que usar máscaras em lojas, locais de trabalho e no transporte público reduziu a transmissão em 40%.

Via: G1

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital