Eficácia do tratamento com hidroxicloroquina é contestada em novo estudo

Trabalho analisou resultados de consumo do medicamento em 1.438 pacientes internados em 25 hospitais da região de Nova York
Luiz Nogueira12/05/2020 12h26, atualizada em 12/05/2020 12h30

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Um novo estudo mostra que a hidroxicloroquina não funciona contra a Covid-19 e pode causar problemas cardíacos. Pesquisadores da Universidade de Albany, em Nova York, analisaram 1.438 indivíduos com a doença, e que foram internados em 25 hospitais da região. Após ajustes estatísticos, a taxa de mortalidade entre as pessoas que usaram a hidroxicloroquina foi semelhante aos que não tomaram.

E ainda, pacientes medicados com uma combinação de drogas (hidroxicloroquina e azitromicina) tiveram duas vezes mais chances de sofrer parada cardíaca durante o desenvolvimento do estudo. Problemas cardíacos são um dos efeitos colaterais mais conhecidos do remédio.

Publicado nesta segunda-feira (11) no Journal of the American Medical Association, o resultado segue outra pesquisa recente, disponibilizada semana passada no New England Journal of Medicine, que apresentou informações semelhantes.

Mesmo antes da divulgação dos trabalhos, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA e os Institutos Nacionais de Saúde emitiram avisos sobre os riscos do uso desse medicamento em pacientes infectados pelo novo coronavírus.

Metodologia do estudo

O estudo analisou registros de 18% de todos os pacientes com coronavírus hospitalizados entre 15 e 28 de março. Desse grupo, 735 receberam a combinação dos dois medicamentos, 271 apenas hidroxicloroquina, 211 somente azitromicina e 221 não receberam nenhum remédio.

A conclusão foi que aqueles que tomavam a hidroxicloroquina, sozinha ou com o antibiótico, estavam mais doentes que outros pacientes e, com o passar do tempo, tinham uma taxa de mortalidade mais alta – que chegava a 20%.

Reprodução

Este não deve ser o último trabalho sobre o medicamento. Cientistas da Universidade de Washington, da Universidade de Nova York e de outros centros ainda trabalham em testes com a droga em pacientes.

Nos ensaios clínicos, os infectados com a doença são aleatoriamente designados para tomar os medicamentos ou ingerir placebos, que não fazem efeito. Esse tipo de estudo é considerado o mais confiável porque consegue comparar a taxa de mortalidade entre os dois conjuntos para prever quais as reações causadas pela ingestão da droga.

Uso da hidroxicloroquina

O mundo voltou sua atenção para o medicamento após um estudo francês, realizado com 20 pacientes, mostrar resultados positivos no uso da medicação contra o vírus. No entanto, os métodos utilizados para captação dos resultados foram questionados por toda a comunidade médica.

Pouco depois, os autores da pesquisa vieram a público e admitiram que o trabalho “não atende ao padrão esperado da sociedade”.

Via: Cnn

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital