Covid-19: sintomas da doença podem persistir por meses, aponta estudo

Pesquisadores de Oxford acompanharam pacientes meses após internação; a maioria continua apresentando sinais da doença, como fadiga e falta de ar
Davi Medeiros20/10/2020 13h36, atualizada em 20/10/2020 13h58

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Um estudo realizado na Universidade de Oxford concluiu que mais da metade dos pacientes com Covid-19 que receberam alta hospitalar continuaram com sintomas da doença por dois a três meses após a infecção inicial.

Os cientistas analisaram o impacto de longo prazo em 58 pacientes internados com o novo coronavírus. Destes, 64% relataram sofrer com falta de ar persistente, e 55% ainda apresentavam fadiga significativa meses após a internação.

Já em exames clínicos, foram encontradas anomalias em diversos órgãos, sobretudo nos pulmões (60%), rins (29%), coração (26%) e fígado (10%).

Os resultados foram pré-publicados no site MedRxiv e ainda precisam ser revisados por pares.

Reprodução

Pacientes hospitalizados com Covid-19 podem continuar com sintomas meses após a alta. Imagem: Photocarioca/Shutterstock

“Essas descobertas enfatizam a necessidade de se explorar mais os processos fisiológicos associados à Covid-19 e desenvolver um modelo holístico, integrado, de atendimento clínico para nossos pacientes, depois que eles têm alta do hospital”, afirma a médica Betty Raman, do Departamento de Medicina de Oxford.

Covid longa

De acordo com um relatório do Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido, publicado na última semana, a chamada “Covid longa” – doença remanescente após a infecção por Covid-19 – pode envolver uma ampla gama de sintomas que afetam diversas partes do corpo e da mente.

O estudo de Oxford sugere que os sintomas persistentes não são necessariamente causados por uma longa permanência do vírus no organismo, mas resultam da resposta inflamatória que acomete os tecidos de pacientes graves durante a infecção.

Pelo mesmo motivo, já foram relatados casos de danos às funções cerebrais e ao olfato após o contato com o Sars-Cov-2. Em contrapartida, alguns episódios indicam que o vírus pode, eventualmente, continuar no corpo após a infecção.

No Brasil, por exemplo, uma mulher carregou o patógeno por mais de cinco meses; e na China, uma proteína fundamental do microrganismo foi encontrada no tecido ocular de uma paciente recuperada.

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Membros do grupo LongCovidSOS alegam ter sintomas persistentes da Covid-19 e pedem atenção do governo britânico. Imagem: Twitter/LongCovidSOS

Vale mencionar que a internet já abriga diversas comunidades de pessoas que apresentam sintomas duradouros da Covid-19. Uma das mais conhecidas é a rede LongCovidSOS, que tem perfis no Instagram e Twitter, e reúne relatos de pacientes que afirmam ainda sentir os efeitos da doença até 100 dias após a alta hospitalar.

No Facebook, foram criados grupos semelhantes. Em um deles, Long Haul Covid Fighters UK, uma administradora afirma estar sofrendo com a doença “desde março”, e se propõe a aumentar a conscientização sobre o assunto, já que, segundo ela, trata-se de “um número crescente de pessoas que estão sendo ignoradas”.

Via: Agência Brasil

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital