Nesta quinta-feira (4), três dos autores de um estudo que apontou a ineficácia da hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19 pediram à revista científica The Lancet que o artigo fosse retirado. De acordo com a publicação, uma das mais respeitadas no meio científico médico, os pesquisadores “não conseguiram concluir uma auditoria independente dos dados que sustentam sua análise”.

Como resultado, os cientistas concluíram que “não podem mais garantir a veracidade das fontes de dados primárias”. Os principais problemas dizem respeito aos dados fornecidos pela Surgisphere, uma empresa com base em Chicago, nos Estados Unidos.

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“A Lancet leva a sério as questões de integridade científica, e há muitas questões pendentes sobre a Surgisphere e os dados que supostamente foram incluídos neste estudo. Seguindo as diretrizes do Comitê de Ética em Publicações e do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, são urgentemente necessárias análises institucionais das colaborações de pesquisa da Surgisphere”, afirma a nota publicada na Lancet.

Com 96 mil participantes, a pesquisa teria apontado evidências preliminares de que os medicamentos com cloroquina e hidroxicloroquina não apresentam benefícios no tratamento contra a doença causada pela infecção do novo coronavírus. O trabalho ainda constatou que as substâncias podem provocar quadros de arritmia cardíaca.

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“Embora uma auditoria independente da proveniência e da validade dos dados tenha sido encomendada pelos autores não afiliados ao Surgisphere e esteja em andamento, com os resultados esperados muito em breve, estamos emitindo uma manifestação de preocupação para alertar os leitores para o fato de que sérias questões científicas foram trazidas à nossa atenção”, afirmou a Lancet em nota quando as primeiras suspeitas surgiram, na última terça-feira (2).

Os resultados dessa pesquisa, publicada no fim de maio, levaram a Organização Mundial da Saúde a interromper os estudos com hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. As pesquisas, porém, foram retomadas um dia após a primeira nota da Lancet. Segundo o diretor-geral da organização, Tedros Adhanom, a OMS decidiu pela retomada dos testes após revisar os dados disponíveis sobre a droga até o momento, concluindo que não havia motivos para interrupção definitiva dos experimentos.