Conforme um vírus se espalha, é normal que sofra mutações e se modifique para sobreviver a condições adversas. Levando isso para o contexto do novo coronavírus, a variante atual parece ser mais contagiosa entre os seres humanos do que a encontrada na China anteriormente. A afirmação foi feita em um estudo publicado na revista Cell.

Embora ainda sejam necessários mais testes, a hipótese é intrigante. O novo estudo foi resultado de uma parceria entre a universidade Sheffield, a Duke Universities e o Laboratório Nacional Los Álamos.

Após divulgação do resultado, Anthony Fauci, diretor do Instituto de Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, declarou: “Parece que o vírus se replica melhor e pode ser mais transmissível, mas ainda estamos na etapa de tentar confirmar isso. Existem geneticistas de vírus muito bons trabalhando nisso”.

Acredita-se que a variante do vírus, conhecida como D614G, saiu da China, onde a doença foi originalmente detectada, e se estabeleceu na Europa, local em que sofreu mutações e se tornou dominante. A partir disso, os especialistas indicam que a versão europeia foi a responsável pelo surto dos Estados Unidos.

Esse rastreamento do caminho percorrido pelo vírus foi possível graças ao sequenciamento do genoma do Sars-Cov-2 compartilhado por pesquisadores de todo o mundo em um banco de dados internacional.

Com isso, foi possível definir que o vírus se tornou dominante, o que fez com que ficasse “mais transmissível” do que a versão inicial. A afirmação foi alvo de críticas de vários membros da comunidade científica. Isso porque os pesquisadores não conseguiram provar que a mutação tornou o vírus dominante. De acordo com especialistas, isso pode ter ocorrido por conta de outros fatores – ou até mesmo pelo acaso.

Resultado do estudo

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Cientistas determinaram que o vírus pode ter se tornado versão mais contagiosa. Foto: Nastasic/ iStock

Para chegar à conclusão apontada, os pesquisadores analisaram informações oriundas de 999 pacientes britânicos que foram hospitalizados em decorrência da Covid-19. O que eles observaram é que todos os que foram identificados com a variante D614G possuíam mais partículas virais. Vale lembrar que, mesmo com maior concentração do vírus, a gravidade da doença não foi alterada.

Em testes feitos in vitro, no entanto, os cientistas conseguiram determinar que o vírus variante pode ser capaz de infectar de três a seis vezes mais células. “Parece provável que seja um vírus mais eficiente”, declara Erica Ollmann Saphire, membro do Instituto de Imunologia La Jolla e responsável por conduzir um desses testes.

Mesmo com os resultados indicando que o vírus pode ser uma versão diferente, exames realizados em laboratório não conseguem simular uma situação real de pandemia. Por conta disso, pode-se dizer que, embora o vírus atual possa ser mais “infeccioso” do que o descoberto anteriormente, isso não quer dizer que ele possa ser transmitido com mais facilidade.

Como dito, ainda são necessários alguns testes adicionais para conhecer melhor como o vírus age de fato. Como o novo coronavírus foi descoberto recentemente, especialistas correm contra o tempo para entender tudo o que ele é capaz. Quanto mais descobrem sobre a doença, mais próximos podemos estar de uma possível cura.

Via: Uol