Mesmo com diversos avanços científicos, o novo coronavírus ainda representa um desafio para pesquisadores do mundo todo ao tentarem descobrir o máximo possível de informações sobre a doença na busca por tratamentos efetivos.
No entanto, alguns mistérios ainda intrigam especialistas. Ao que parece, o vírus se espalha mais rapidamente em algumas condições, enquanto em outros momentos, ele possui uma taxa baixa de infecção.
Ao analisar casos de contaminação em massa, pesquisadores chegaram à conclusão de que uma única pessoa infectada pode contaminar dezenas de outros indivíduos, enquanto outras não representam nenhum risco.
A maior parte da discussão sobre a disseminação do Sars-Cov-2 se concentra no número médio de novas infecções causadas por cada paciente. Sem o distanciamento social, a quantidade de reprodução é de três indivíduos. No entanto, essa disseminação não deve ser encarada como única, já que algumas pessoas podem infectar muito mais.
Em um caso recente, registrado em Mount Vernon, Washington, um coral com 61 pessoas se reuniu em uma igreja por quase três horas para cantar, comer e conversar. No entanto, um dos presentes apresentava sintomas do que parecia ser um resfriado – e que acabou sendo a Covid-19. Nas semanas seguintes, de acordo com um documento do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), 53 dos presentes adoeceram, três foram hospitalizados e dois morreram.
Dispersão da doença
Por esse motivo, além do fator de reprodução, os especialistas consideram um valor chamado de dispersão, que descreve o quanto uma doença se espalha por um ambiente. Essa relação entre os dois fatores pode explicar alguns aspectos intrigantes da pandemia, incluindo o motivo pelo qual o vírus não se espalhou mais cedo pelo mundo.
De acordo com Adam Kucharski, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, estima-se que, para ser introduzido sem ser detectado em um novo país, o vírus teve de infectar quatro residentes do local para ter uma chance uniforme de se estabelecer. Ainda segundo ele, se a “epidemia chinesa foi um grande incêndio que lançou faíscas ao redor do mundo, a maioria delas simplesmente desapareceu”.
Por outro lado, em casos de pacientes com alta taxa de infecção, a ideia de transmissão para diversas pessoas é “uma questão científica aberta realmente interessantes”, diz Christophe Frases, da Universidade de Oxford, que estudou a propagação do Ebola e HIV.
Meios de transmissão
A explicação para isso pode estar na ideia de que o novo coronavírus parece ser transmitido principalmente por meio de gotículas, mas ocasionalmente também se espalha por aerossóis mais finos que podem ficar suspensos no ar, permitindo que mais pessoas sejam infectadas.
Cada indivíduo possui um organismo, por isso, as características individuais de cada paciente devem ser consideradas. Algumas pessoas podem disseminar muito mais vírus, e por um período maior, do que outras. Isso ocorre talvez devido a diferenças em seu sistema imunológico ou na distribuição de receptores de doenças em seu corpo.
Um experimento feito em 2019 mostra que algumas pessoas exalam muito mais partículas do que outras quando falam. Cantar pode liberar muito mais vírus do que simplesmente se comunicar, o que poderia ajudar a explicar o número de infectados no caso do coral.
Risco de infecção pode ser maior em locais fechados. Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
De acordo com cientistas, o maior risco de infecção se dá em lugares fechados. Em um estudo feito na China, pesquisadores descobriram que, de 318 grupos de pessoas que registraram três ou mais casos, apenas um foi resultado de interações ao ar livre.
Em outra pesquisa, foi descoberto que o risco de infecção em ambientes fechados é quase 19 vezes maior do que em ambientes externos. Outras situações que podem ser particularmente arriscadas são as que envolvem o frio, condição ideal para o vírus sobreviver.
Via: Science Mag