A CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac e testada em parceria com o Instituto Butantan, está mais perto do Brasil. Até o fim do mês, deve ser recebido tudo que é necessário para que o instituto comece a produzir as doses para sua distribuição no país.

Segundo Dimas Covas, presidente do Butantan, ainda nesta semana serão recebidas as doses prontas das vacinas vindas da China. Até o fim do mês, também chegarão 600 litros da matéria-prima para produção local da CoronaVac.

A estimativa do Butantan é de que, até janeiro, será possível acumular 46 milhões de doses da CoronaVac, o que seria suficiente para vacinação de 23 milhões de pessoas, considerando que são necessárias duas doses por pessoa para imunização.

Após declarações de João Doria afirmando que a vacinação poderia ocorrer a partir de 15 de dezembro, o governo de São Paulo e o instituto precisaram rever seus prazos e agora já não cravam data para que a distribuição possa acontecer. Isso porque ainda não há uma previsão de quando os resultados de eficácia serão revelados. A expectativa é realizar a primeira análise de eficácia quando forem acumulados 64 “eventos” (casos de Covid-19 sintomáticos) entre os voluntários. Para tentar acelerar, o Butantan busca mais voluntários para participar dos testes, aumentando as chances de contágio: atualmente, são 10 mil participantes, e são necessários mais 2.000.

Até o momento, o Butantan reforça que a CoronaVac se mostrou segura em todas as etapas de teste e fora dele, já que a vacina já recebeu aprovação para distribuição emergencial na China, com mais de 50 mil pessoas vacinadas. A vacina passou por um episódio polêmico, com suspensão dos testes no Brasil pela Anvisa após a morte de um voluntário em decorrência de uma falha de comunicação; no fim, ficou constatado que o óbito não tinha relação com a vacina, e sim com uma intoxicação por sedativos e opioides.

O que ainda é incerto é o destino da CoronaVac caso sua eficácia seja comprovada. O governo de SP tenta negociar com o Ministério da Saúde a venda da vacina, o que permitiria que ela fosse adicionada ao plano nacional de distribuição. No entanto, o presidente Jair Bolsonaro chegou a exigir a suspensão do acordo de intenção de compra das doses e afirmou que rejeitaria a compra mesmo se a eficácia fosse comprovada. Posteriormente, no entanto, ele disse que pode aprovar a compra, mas pelo “preço certo”.