Assintomáticos mantêm a contaminação ativa no País, diz especialista

Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto fizeram uma projeção - levando em conta casos sem sintomas ou com sintomas leves - que aponta para 2,3 milhões de infectados com a Covid-19 no Brasil
Renato Mota19/05/2020 21h59

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O Brasil já registrou, oficialmente, mais de 250 mil casos do novo coronavírus, com mais de 16 mil mortes computadas. Mas para muitos especialistas, esses números estão defasados devido à subnotificação de casos, uma vez que só casos mais graves têm sido testados. Projeções feitas pelo Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, o número real de casos da Covid-19 pode chegar a 2,3 milhões no País.

“Casos sem sintomas ou com sintomas leves são a chama que mantém a epidemia”, afirma o professor do LIS, Domingos Alves, em entrevista ao Jornal da USP. Mesmo as estimativas feitas pelos pesquisadores podem subestimar os dados reais, uma vez que se baseiam no número de mortes pela doença e não o de infectados.

“Até esse indicador, feito através dos óbitos, também não reflete a realidade”, afirma Domingos, já que a metodologia utilizada tende a fazer uma estimativa para baixo. Para o pesquisador, a falta de dados prejudica ações de planejamento e as políticas públicas para controle da pandemia.

Calculando a quantidade de casos a partir dos óbitos confirmados, o LIS projetou que os números devem dobrar em uma semana. “Até onde sabemos, tanto no Brasil como no Estado de São Paulo, o número de casos ainda está crescendo num comportamento exponencial. Ou seja, nós não conseguimos ver o pico da epidemia ainda”, afirma Alves.

O afrouxamento das medidas de restrição e mobilidade devem piorar essa situação. “O número de casos tem que começar a diminuir de maneira sustentável; ou seja, o número de casos caindo em qualquer proporção, num prazo de duas a três semanas, seria uma evidência de que as medidas de contenção poderiam começar a ser relaxadas, mantendo ainda um distanciamento social importante e observando se o número de casos não vão crescer de novo”, completou.

Via: Jornal da USP

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital