Entre as estreias da semana nos cinemas brasileiros, duas merecem destaque, seja pela alta expectativa, seja por representar um alento no cenário independente. São justamente filmes produzidos nos EUA, em escalas diferentes.

Era uma Vez em Hollywood é mais um longa em que Tarantino (confira todos os longas do diretor aqui) revisita a história para modificá-la, a seu modo. Não tem dado muito certo, mas desta vez ele fala de algo que entende muito bem, da Hollywood que o formou, por meio de um ator decadente (Leonardo Di Caprio) e de Sharon Tate (Margot Robbie), que na vida real foi assassinada em sua própria casa por uma gangue de lunáticos liderados por Charles Manson.

É como disse o crítico Inácio Araujo, em entrevista. Ele está mexendo com um trauma muito profundo da sociedade americana, e com pessoas vivas, sobretudo o namorado de Tate na época, o cineasta Roman Polanski. É desrespeitoso brincar com a história dessa forma. Mas Tarantino sempre tem algum ás na manga.

Do outro lado, Fourteen, de Dan Sallitt, representa o cinema independente americano no que ele pode ter de melhor: liberdade narrativa, recusa aos efeitos especiais que dominam o cinemão, dramas realistas e situações complexas. Ao mesmo tempo, evita as armadilhas dessas características e nos oferece uma construção dramática muito inteligente, com elipses ousadas e avanços no tempo.

Noite Mágica merece uma chance mais pela presença de Francesca Archibugi no roteiro do que pelas credenciais de Paolo Virzi. Ela sabe trabalhar com melodrama, enquanto ele não. Como se trata de um filme de mistério com toques cômicos, vale a pena conferir, até para vermos em que pé está o cinema italiano.

Completam a lista dois filmes brasileiros: o documentário Espero Tua (re)volta, de Eliza Capai, que ganhou elogios quando passou no festival Olhar de Cinema, em Curitiba; e o drama Eu Sou Brasileiro, dirigido por Alessandro Barros e estrelado por Daniel Rocha, Fernanda Vasconcellos e Letícia Spiller.

Sérgio Alpendre