Todos os longas de Quentin Tarantino, do pior ao melhor

Em que posição Era Uma Vez em Hollywood irá se encaixar?
Wharrysson Lacerda13/08/2019 04h18

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À exceção de um horrível episódio para o longa Grande Hotel (1995) e de um mediano longa amador de início de carreira, My Best Friend’s Birthday (1987), Tarantino não tem filmes ruins. Mas tem filmes mais problemáticos, não de todo satisfatórios, como Bastardos Inglórios e Django Livre.

Pensamos aqui numa lista de todos os seus longas profissionais, do pior ao melhor. Fiquem à vontade para discordar da posição que quiserem e mandem suas listas, caso sintam necessidade.

9. Django Livre (2012)

Tarantino tem adotado um revisionismo histórico fácil e apelativo em alguns de seus últimos filmes, mas nunca tinha chegado tão perto do desastre como aqui. Salvam um Di Caprio inspirado e algumas cenas em que sua direção revela um amadurecimento.

8. Bastardos Inglórios (2009)

Filme episódico e irregular, que vai enfraquecendo aos poucos conforme passamos de um episódio a outro. A primeira sequência é sensacional. Revela um ator em estado de graça: Christoph Waltz. Nas outras sequências o que salva é Brad Pitt revelando um inesperado talento humorístico. Seu arrivederci com sotaque texano é inesquecível. E o momento em que o impostor se trai para o oficial alemão é muito bem dirigido.

7. À Prova de Morte (2007)

Uma primeira parte primorosa e uma segunda parte extremamente forçada fazem com que este filme pareça um tanto esquizofrênico. Na tentativa de promover uma vingança das mulheres (algo que funciona muito bem em Jackie Brown e nos dois Kill Bill, por exemplo), Tarantino carrega nas tintas e insere um final ridículo e oportunista, que ainda por cima vai de encontro à construção do personagem de Kurt Russell. Que ele merecia uma sova, é óbvio. Que o filme precisava de uma construção melhor na segunda parte, me parece evidente. É o começo de uma decadência que só será contornada, e parcialmente, com Os Oito Odiados.

6. Cães de Aluguel (1992)

O primeiro longa profissional de Tarantino abusa da violência e de certo modo apela para o mau gosto, de um modo que os italianos Dario Argento e Lucio Fulci, dois de seus ídolos, fizeram muito melhor. Mas o filme não é de se jogar fora, e revela ao menos uma excelente direção de atores, o que será o ponto forte do diretor em todos os seus filmes.

5. Os Oito Odiados (2015)

O filme mais bem construído de Tarantino desde Kill Bill Vol. 1, com Tarantino emulando de maneira feliz o cinema de Sérgio Leone e Sam Peckinpah. Além disso, como se precisasse, o longa ainda comprova o talento imenso de Samuel L. Jackson, um grande ator colocado no mapa definitivamente em Pulp Fiction.

4. Kill Bill Vol. 2 (2004)

Para Tarantino, os dois Kill Bill formam um único filme. Problema dele. Sempre preferi a divisão, porque ela faz com que o primeiro volume seja de uma construção musical impecável. Neste segundo a influência de cinema japonês diminui e a de Sergio Leone aumenta, mas o grande momento do filme é a sequência final, do confronto entre Bill (David Carradine, o antigo Kung-Fu da TV) e a personagem chamada Noiva e interpretada por Uma Thurman (seu papel mais marcante no cinema).

3. Pulp Fiction (1994)

A revisão revela alguns pequenos problemas na construção dramática, mas confirma ainda mais o talento de Tarantino para a direção de atores e para a construção de imagens de forte onirismo, ainda que de maneira bem distante à de David Lynch. O destaque das interpretações de Samuel L. Jackson e John Travolta (também muito bem ressuscitado pelo diretor) é praticamente imposto. O talento desses dois atores fica evidente logo na primeira sequência. E Tarantino consegue impor sua marca, a dos diálogos triviais levados ao limite, com este seu segundo longa profissional.

2. Kill Bill Vol. 1 (2003)

Uma peça musical violenta e lírica, em que cada ruído, cada fala de personagem e cada trilha do passado que é homenageada funciona como parte de um todo musical coeso e perfeito. A trama é pueril o suficiente para permitir que Tarantino experimente com seu gosto musical e construa uma transposição das mais criativas da arte da música para a arte do cinema. O cinema japonês, particularmente o de Seijun Suzuki, é plagiado em alguns momentos dos confrontos finais – com os Crazy 88 e com O-Ren Ishii, a personagem de Lucy Liu.

1. Jackie Brown (1997)

O melhor longa de Tarantino é ainda injustiçado, mesmo por seus fãs, mas é de uma construção narrativa exemplar, revelando o auge de sua capacidade como diretor. É uma homenagem à blaxploitation (movimento de filmes de baixo orçamento com protagonistas negros) dos anos 1970, como fica claro com a escalação de Pam Grier (uma das estrelas da época) no papel da aeromoça quarentona que se envolve com um roubo de grandes proporções. Mas não é só Grier que é recuperada por Tarantino. Também Robert Forster, como o homem que se apaixona por ela, ressurge no cinema, para depois fazer uma ponta na quinta temporada de Breaking Bad. No elenco estelar ainda estão Samuel L. Jackson, Bridget Fonda, Michael Keaton e Robert De Niro.

Sérgio Alpendre

Editor(a) chefe

Wharrysson Lacerda é editor(a) chefe no Olhar Digital