‘Toupeira’ parou de cavar em Marte e engenheiros não sabem o motivo

Progresso de oito meses de pesquisa foi interrompido após falha na perfuração
Vinicius Szafran29/11/2019 20h01, atualizada em 29/11/2019 21h15

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Os engenheiros da Nasa estão confusos sobre o que fez a “toupeira” de Marte parar de cavar o solo. Ainda que eles não tenham descoberto um mamífero no planeta vermelho, o progresso da pesquisa sobre o solo do planeta foi interrompido – e não se sabe o por quê.

A “toupeira” é um instrumento científico conhecido como Pacote de Propriedades Físicas e Fluxo de Calor, ou HP3, do Laboratório de Propulsão a Jato de Pasadena, na Califórnia. Transportado pela sonda InSight da NASA, o HP3 pousou em Marte há um ano.

“A toupeira foi projetada para medir o fluxo de calor que sai do interior de Marte”, diz Troy Hudson, engenheiro de sistemas de instrumentos da InSight. Os cientistas estão interessados em saber quanto calor ainda é gerado dentro do núcleo do planeta vermelho, outrora geologicamente ativo. Para isso, o HP3 precisa se enterrar a cerca de seis metros abaixo da superfície marciana, para não ser afetado pelas flutuações diárias de temperatura.

A toupeira é basicamente um tubo com aproximadamente 16 polegadas de comprimento e uma polegada de diâmetro. Ele tem uma extremidade pontiaguda e um martelo interno que funciona como uma espécie de bate-estacas no instrumento.

As frustrações dos engenheiros começaram em fevereiro, quando as escavações tiveram início. O instrumento deveria descer a pouco menos de cinco metros, mas ficou preso após apenas 35 centímetros. A equipe então acreditava que o problema estava associado a quedas.

Assim como uma arma recua com o disparo, a toupeira recuava levemente toda vez que o martelo tentava afundá-la no chão. Então, ao invés de se enterrar, ela pulava no mesmo ponto. Alguns dos problemas podem ser causados por incertezas sobre o tamanho dos grãos de areia marciana. A baixa pressão no planeta também muda a forma como a superfície se comporta em comparação ao solo terrestre.

Os engenheiros pensaram que poderiam impedir o salto se usassem a concha do braço robótico do InSight para pressionar a toupeira enquanto ela martelava. Há algumas semanas, eles tentaram isso – e funcionou. Foi o primeiro progresso em oito meses.

No entanto, logo a parte superior do HP3 ficaria nivelada com a superfície, e não haveria mais nada que a concha pudesse pressionar. Eles então criaram um novo plano. Moveram a pá para uma posição diferente e pressionaram o solo com força, esperando que isso transferisse força para a toupeira através do chão, e não diretamente.

Eles enviaram instruções para a colher pressionar, a toupeira martelar e a câmera do InSight registrar tudo o que aconteceu. Hudson conta que, ao ver as fotos, ficou horrorizado. A toupeira havia recuado quase a meio caminho do buraco, desfazendo grande parte do progresso. Com a nova posição da colher, Hudson acredita que a toupeira começou a saltar novamente.

O engenheiro diz que ele e sua equipe estão confiantes de que podem recolocar o HP3 no ponto em que ele estava. No entanto, quando o topo dele nivelar com o solo novamente, “teremos que criar uma nova maneira de colocá-la no subsolo e ainda não descobrimos exatamente o que faremos lá”, diz Hudson.

Via: National Public Radio

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital