Elon Musk trabalha em tecnologia que usa onda cerebral como senha

A ideia do bilionário é conectar o cérebro humano a dispositivos para que não seja mais necessário usar senhas: em vez disso, as ondas cerebrais podem ser usadas para desbloquear aparelhos
Luiz Nogueira05/09/2019 16h06, atualizada em 05/09/2019 21h37

20190731124354

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

As tecnologias de segurança de diversas áreas evoluíram muito nos últimos anos. É possível comprar pelo smartphone, abrir a porta de casa com a impressão digital e até fazer compras em lojas físicas sem intervenção humana. Aparentemente, a humanidade está pronta para dar o próximo passo.

O bilionário Elon Musk, responsável por empresas como Tesla e SpaceX, anunciou seu mais novo empreendimento: a Neuralink, uma startup que promete conectar o cérebro humano a máquinas por meio de pequenos sensores. Segundo Musk, os primeiros testes devem ocorrer no ano que vem.

A ideia é que a tecnologia permita desbloquear equipamentos — como smartphones e até portas — com o poder da mente. Além disso, ela pode ser uma importante aliada no tratamento de doenças neurológicas.

Em 2015, um grupo de cientistas da Universidade Binghamton, nos EUA, identificou que o cérebro humano reage a certas palavras de modo específico. Concluiu, então, que as ondas cerebrais podem ser captadas e usadas para substituir senhas.

No estudo, 45 voluntários foram testados. Seus sinais cerebrais foram captados enquanto eles liam uma lista com 75 siglas. Essa etapa foi importante para identificar que cada indivíduo reage de forma diferente a um padrão de letras e que pode ser identificado apenas por seu comportamento cerebral.

Tecnologia para o futuro

Apesar das promessas, a tecnologia depende de muitos fatores (como avanços tecnológicos nos captadores de ondas cerebrais) para funcionar. Em laboratório, por exemplo, os testes são feitos com grandes capacetes cheios de fios que captam as ondas cerebrais.

Segundo Edgard Morya, coordenador de pesquisa do Instituto Santos Dumont, entretanto, isso deve ser resolvido em breve. “Ninguém quer andar por aí com isso na cabeça, mas é questão de tempo para que esses eletrodos possam ser implantados debaixo da pele.”

Pensando nisso, a Neuralink tem investido seus esforços em criar sensores pequenos (cerca de 30% do diâmetro de um fio de cabelo) para que seja possível conectar o cérebro humano a aplicativos de smartphone. Musk informa que “um robô implantará os sensores delicadamente”.

Desafio da mudança constante

Outro desafio que deve ser levado em conta pela empresa é o de lidar com a complexidade do cérebro e sua constante transformação. Nas pesquisas feitas em Binghamton, por exemplo, os voluntários foram avaliados em ambientes que pouco se assemelham à realidade — por isso, pode ser difícil reproduzir esses resultados no mundo real.

Outra barreira dessa tecnologia é a segurança. “Registrar a atividade cerebral é a parte mais fácil. O grande desafio é processar o sinal para criar uma senha”, explica Morya. “O problema é que, depois que ela é digitalizada, é muito fácil para um cracker captá-la”, completa.

Acredita-se que esse conceito possa ser uma alternativa interessante do ponto de vista da comodidade. Apesar disso, é importante que seja tratado apenas como uma segunda forma de autenticação. Afinal, ainda há obstáculos que podem impedir seu funcionamento satisfatório, como o estresse do usuário ou sua falta de concentração na hora de pensar na senha.

Fonte: Tilt

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital