Satélite da ESA realiza manobra para desviar de equipamento da SpaceX

Cálculos mostravam alta probabilidade de impacto entre satélites, mas SpaceX se recusava a tomar ação por bug no sistema
Renato Santino04/09/2019 18h15, atualizada em 04/09/2019 18h20

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Por pouco a órbita terrestre não foi cenário de um acidente. Isso porque a ESA (Agência Espacial Europeia) conseguiu detectar com antecedência uma provável colisão de um de seus satélites com outro da SpaceX, da “megaconstelação” Starlink, que pretende levar internet banda larga para o mundo todo por meio de uma rede de 12 mil satélites. A agência foi forçada a realizar, pela primeira vez em sua história, uma manobra evasiva para evitar problemas.

Diante desse cenário, a ESA calculava uma chance de 1 em 1.000, dez vezes maior do que o limite de 1 em 10 mil, e julgou que o melhor a se fazer era ativar os propulsores do satélite Aeolus. Com essa manobra, a espaçonave ganhou altitude e conseguiu sair da rota de colisão.

Reprodução

A SpaceX chegou a ser diretamente alertada sobre os riscos, mas originalmente havia afirmado que não tomaria qualquer ação para evitar um acidente. A empresa de Elon Musk, no entanto, explicou-se posteriormente, alegando que suas estimativas de risco eram muito menores do que a ESA afirmava, e que coordenaria uma ação conjunta se a análise mostrasse um risco maior. O que a SpaceX não havia levado em consideração, porém, é que um bug no sistema de seu satélite impediu o recebimento de novos dados sobre os riscos de impacto.

Segundo o comunicado da SpaceX emitido ao site Ars Technica, a estimativa inicial colocava as chances na casa de 1 em 50 mil, o que está bem acima do limite de risco. No entanto, a Força Aérea dos EUA se juntou à ESA e apontou um risco superior a 1 em 10.000, que havia sido ignorado pela empresa pelo bug. Agora a companhia diz estar trabalhando para prevenir novas situações do tipo.

Holger Krag, responsável pela área de detritos especiais da ESA, por meio de um artigo publicado pela agência, explica que não há um “culpado” nessa história, mas que o caso mostra a “necessidade urgente” de criar um sistema de tráfego espacial “com protocolos de comunicação claros e mais automação”, fazendo paralelo com os sistemas de controle de tráfego aéreo. A ideia é criar um sistema automatizado de coordenação de manobras evasivas.

Renato Santino é editor(a) no Olhar Digital