Sonda japonesa pode ganhar um novo destino no espaço

Hayabusa2 está no trajeto de volta para a Terra, após coletar amostras do asteroide Ryugu
Vinicius Szafran12/08/2020 19h46, atualizada em 12/08/2020 20h15

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A sonda japonesa Hayabusa2 está voltando para a Terra depois de uma viagem ao asteroide Ryugu, carregando uma amostra de rocha espacial. Entretanto, a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), que comanda a missão, avalia uma segunda parada amtes do retorno ao planeta.

Caso o projeto seja colocado em prática, a Terra não será o destino final da missão. A JAXA estuda enviar a sonda para investigar outros tipos de rochas espaciais, de acordo com declarações recentes. A extensão da missão, que duraria mais de uma década, poderia fazer com que a Hayabusa2 orbitasse um segundo asteroide.

A nova fase surge a partir da combinação de dois fatores: o motor da sonda ainda tem cerca de metade de seu combustível e ela não precisa posar na Terra para entregar a amostra que carrega. Em vez disso, a espaçonave principal da missão liberará uma pequena cápsula cheia de pedaços de asteroides que cairá pela atmosfera terrestre e pousará na Austrália em 6 de dezembro.

Quando analisaram os números, os engenheiros da JAXA perceberam que a nave principal da Hayabusa2 poderia enviar a cápsula durante o trajeto e ainda seguir para novas aventuras. A espaçonave precisaria ficar no Sistema Solar interno para extrair energia solar o suficiente, mas a equipe calculou que a nave terá combustível o bastante para visitar um dos 354 destinos diferentes, incluindo Vênus, Marte, cometas próximos e uma série de asteroides, segundo um comunicado da JAXA.

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A primeira parada da Hayabusa2 foi o asteroide Ryugu. Imagem: Reprodução

A equipe já reduziu o próximo alvo para apenas dois candidatos, ambos pequenas rochas espaciais com designações em vez de nomes próprios. Esses objetos são asteroides próximos à Terra, mas cada um tem apenas um décimo da largura do Ryugu.

Apesar do tamanho, ambos são destinos cientificamente intrigantes, e a Hayabusa2 seria capaz de orbitar ao redor de qualquer um, em vez de simplesmente voar. O planejamento de missões orbitais presume que a nave permaneça com boa saúde por tempo o suficiente para chegar ao seu destino, e isso é um grande “se”. A Hayabusa2 foi projetada apenas para sua missão de seis anos, não uma década extra no espaço. Mas, para a JAXA, há pouco risco em tentar além do custo de continuar operando a nave.

Seja qual for o destino, a Hayabusa2 teria de fazer uma viagem longa e sinuosa, economizando combustível e contando com impulsos gravitacionais da Terra, Vênus ou outro asteroide para conduzi-la a seu destino, chegando apenas em 2029 ou 2031, dependendo de qual objeto for escolhido. A JAXA gostaria de uma chegada mais rápida, mas não se esperava que ela pudesse chegar em menos de cinco anos.

Ainda assim, ela poderia fazer ciência bem antes de atingir seu alvo. A Hayabusa2 pode estudar a luz zodiacal que reflete a poeira interplanetária e procurar exoplanetas durante as partes calmas de sua viagem, ou estudar a Lua ou Vênus, dependendo de qual for o destino.

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Estudo de asteroides é importante na preparação para eventuais impactos. Imagem: Reprodução

Os dois candidatos são chamados de 2001 AV43 e 1998 KY26, usando as designações típicas atribuídas a asteroides quando são descobertos. Ambos estão perto da Terra e orbitam o Sol uma vez a cada 500 dias ou mais, segundo o banco de dados da Nasa.

Ambos são muito pequenos, com apenas 30 a 40 metros de largura, e giram rapidamente, fazendo uma rotação completa a cada dez minutos. Os cientistas nunca viram de perto uma pequena rocha espacial de rotação tão rápida, segundo a JAXA, o que os torna particularmente intrigantes, uma vez que a força externa criada por esse giro provavelmente seria mais forte que a gravidade do objeto.

Essas características fazem os cientistas se perguntarem são objetos sólidos ou os chamados asteroides de “pilha de entulho”, como o próprio Ryugu, que se formou da aglomeração de detritos de uma colisão.

O 2001 AV43 parece um pouco alongado e pode ser uma mistura de materiais rochosos e metal, algo menos comum para asteroides. Já o 1998 KY26 é mais redondo e provavelmente mais rico em carbono, assim como o Ryugu e a maioria das rochas espaciais. A Hayabusa2 poderia chegar ao primeiro em novembro de 2029, e o segundo em julho de 2031.

Embora asteroides desse tamanho sejam pequenos demais para causar impactos catastróficos, essas rochas ainda podem causar danos reais em escala local e devem atingir a Terra a cada século, segundo a JAXA.

A agência decidirá em breve qual o destino mais promissor e aguardará o apoio financeiro antes de determinar se a Hyabusa2 fará uma parada extra.

Via: Space

Vinicius Szafran
Colaboração para o Olhar Digital

Vinicius Szafran é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital