‘Sol artificial’ vai começar a funcionar na China em 2020

O dispositivo, chamado de 'tokamak HL-2M', replica a fusão nuclear, a mesma reação que ocorre no Sol
Luiz Nogueira19/12/2019 11h48, atualizada em 19/12/2019 12h20

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Em março deste ano, pesquisadores chineses informaram que o “tokamak HL-2M” – um dispositivo projetado para replicar a fusão nuclear, a mesma reação que alimenta o Sol – seria construído antes do fim de 2019.

Ainda não se sabe se isso de fato vai acontecer, mas em novembro, Duan Xuru, um dos cientistas que trabalha no “Sol artificial”, forneceu uma atualização. Ele disse que a construção estava indo bem e que o dispositivo deve entrar em operação na China em 2020.

O funcionamento desse dispositivo será um marco para a comunidade científica. Em entrevista à Newsweek, os cientistas responsáveis pelo projeto disseram que a ideia é fazer da fusão nuclear uma opção viável de energia na Terra. Se descobrirem uma forma de aproveitar a energia produzida por uma fusão nuclear, a humanidade teria uma fonte de energia limpa quase ilimitada.

Reprodução

Tokamak HL-2M

O que é a fusão nuclear

A fusão nuclear envolve a fusão de dois núcleos atômicos mais leves para formar um núcleo mais pesado – uma reação que libera uma enorme quantidade de energia. No Sol, onde as temperaturas do núcleo atingem cerca de 15 milhões de graus Celsius, os núcleos de hidrogênio se combinam para formar hélio.

Para recriar isso na Terra, os cientistas devem aquecer o combustível – tipos de hidrogênio – a temperaturas acima de 100 milhões de graus Celsius. Neste ponto, o combustível se torna um plasma. Esse plasma – extremamente quente – deve ser confinado.

Por décadas, cientistas trabalham com a ideia de energia limpa. Porém, eles ainda precisam descobrir uma maneira mais barata e eficaz de manter o plasma extremamente quente confinado e estável por tempo suficiente para que a fusão ocorra.

Para isso, o “tokamak” usa campos magnéticos com a intenção de estabilizar o plasma, para que as reações possam ocorrer e a energia ser liberada. No entanto, o plasma é propenso a produzir rajadas. Se estas tocarem na parede do reator, podem danificar o dispositivo.

Mesmo com os riscos, a comunidade científica aposta suas fichas no tokamak HL-2M da China. De acordo com testes preliminares, o sistema foi capaz de cumprir as expectativas.

“O HL-2M fornecerá aos pesquisadores dados valiosos sobre a compatibilidade de plasmas de fusão com abordagens para lidar de forma mais eficiente com o calor e as partículas presentes no núcleo do dispositivo”, comenta James Harrison, físico de fusão que, mesmo não estando ligado diretamente ao projeto, acredita em seu potencial.

“Esse é um dos maiores problemas enfrentados pelo desenvolvimento de um reator de fusão comercial”, continuou ele, “os resultados do HL-2M influenciarão o design desses reatores”.

Via: Futurism

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital