Saber como o universo vai morrer é reconfortante, diz cosmóloga

Para ela, 'há algo em reconhecer a impermanência da existência que é um pouco libertadora'
Luiz Nogueira06/08/2020 12h14, atualizada em 06/08/2020 12h25

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Muitas pessoas podem ficar preocupadas com um possível fim do universo. No entanto, para a cosmóloga Katie Mack, estender as maneiras pelas quais o universo pode morrer fornece uma sensação reconfortante e que cria uma conexão com tudo ao redor.

Em entrevista à BBC News, Mack, que é pesquisadora da Universidade Estadual da Carolina do Norte, disse que passar o tempo estudando como tudo o que conhecemos pode terminar lhe dava uma estranha sensação de paz. “Há algo em reconhecer a impermanência da existência que é um pouco libertadora”, declara.

A cosmóloga argumenta que muitas pessoas podem sentir que o universo está acontecendo em outro lugar. Para eles, a vida cotidiana não está realmente ligada aos acontecimentos do cosmos. “Isso meio que tornou pessoal essa ideia de que todo o universo tem esses processos acontecendo o tempo todo, mas, em princípio, eles poderiam acontecer comigo: eu estou no universo e não tenho proteção contra isso”.

Mesmo assim, Mack destaca sua incansável luta para “compartilhar esse terror um pouco, o que parece mau, mas serve para ajudar pessoas a estabelecerem uma conexão mais pessoal com o que está acontecendo no universo”.

Reprodução

“Há algo em reconhecer a impermanência da existência que é um pouco libertadora”, diz Mack. Foto: wordpress.com

Morte por calor e decaimento de vácuo são apenas duas das intermináveis teorias sobre o fim do nosso universo. Mack diz que qualquer um desses cenários é possível. “Provavelmente não vai acontecer nos próximos trilhões de anos. Mas, tecnicamente, isso pode ocorrer a qualquer momento”, declara.

Em sua opinião, o fenômeno mais “divertido é o decaimento de vácuo. Diversão provavelmente não é uma palavra que eu deva usar sobre a destruição do universo, mas é uma ideia divertida. Você estuda e descobre que é possível que uma espécie de bolha da morte se materialize em algum lugar e apenas se expanda na velocidade da luz e destrua tudo”.

“Muitos aspectos da vida moderna são projetados para tentar nos convencer de que estamos totalmente seguros, protegidos e no controle de tudo ao nosso redor. E isso simplesmente não é verdade. Cosmicamente falando, estamos no meio de tudo isso e temos de aceitar o que isso traz”, finaliza.

Origem do universo

Enquanto a cosmóloga fala sobre o fim do universo, cientistas procuram definir exatamente quando ele surgiu. Uma nova análise da radiação cósmica de fundo em micro-ondas – a luz mais antiga do universo, datada de apenas 380 mil anos após o Big Bang – se propõe a sanar um debate em andamento na comunidade astrofísica: a idade do universo.

Astrônomos do Atacama Cosmology Telescope (ACT) fizeram novas observações e, aplicando um pouco de geometria cósmica, chegaram ao resultado de 13,77 bilhões de anos, com uma margem de erro de 40 milhões de anos para mais ou para menos. A nova estimativa corresponde exatamente à fornecida pelo “modelo padrão” e medições feitas pelo satélite Planck.

Via: BBC News

Luiz Nogueira
Editor(a)

Luiz Nogueira é editor(a) no Olhar Digital