Planeta do tamanho da Terra é descoberto vagando pela Via Láctea

Possível 'planeta errante' viaja pela Via Láctea sem orbitar estrela alguma; descoberta foi possível graças à técnica da 'microlente gravitacional'
Davi Medeiros29/10/2020 20h09, atualizada em 29/10/2020 20h20

20201029050007

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Uma equipe liderada por astrônomos da Universidade de Varsóvia, na Polônia, relatou nesta quinta-feira (29) uma descoberta empolgante: um pequeno corpo celeste vagando solitário pela Via Láctea. Trata-se de um possível ‘planeta errante’ de proporções parecidas com as da Terra, o menor desse gênero a ser capturado por um telescópio terrestre até hoje.

“Nossa descoberta demonstra que planetas errantes de massa reduzida podem ser detectados e caracterizados utilizando telescópios terrestres”, afirma Andrzej Udalski, coautor do artigo que descreve o candidato a exoplaneta, publicado no Astrophysical Journal Letters.

Por que a descoberta empolga?

Quando pensamos em planetas, é certo imaginar que eles estejam orbitando uma estrela central massiva, como a Terra faz com o Sol. Entretanto, isso não se aplica a todos os casos – os planetas errantes recebem este nome justamente por vagarem soltos na Via Láctea, isto é, sem orbitar estrela alguma.

Reprodução

Ilustração conceitual de um planeta errante vagando pelo espaço. Imagem: Wikimedia Commons

O fato é que os cientistas costumam identificar exoplanetas por meio de uma técnica chamada “método de trânsito”. De forma bem simples, ela funciona da seguinte maneira: quando um corpo celeste passa em frente à sua estrela central, a fonte de luz oscila e fica mais fraca, já que um objeto escuro bloqueia parte da visão.

Naturalmente, essa técnica não tem nenhuma utilidade quando se trata de planetas errantes. Por isso, por mais que os cientistas estimem que eles sejam comuns no universo, é extremamente raro que se consiga identificá-los.

Microlente gravitacional

A equipe de Udalski, então, utilizou um método fundamentalmente oposto ao de trânsito para capturar o viajante. Em vez de observar a redução do brilho de uma estrela, eles se atentaram à sua amplificação, por meio de uma técnica chamada “microlente gravitacional”.

A grosso modo, quando um corpo celeste está suficientemente alinhado entre a perspectiva do observador e uma estrela, seu campo gravitacional pode atuar como uma “lente”, intensificando o brilho da estrela em questão.

“As chances de observar esses eventos são extremamente reduzidas porque três objetos [a fonte de luz, a lente e o observador] devem estar quase perfeitamente alinhados”, explica o autor principal do estudo, Przemek Mroz.

“Se observássemos apenas uma estrela fonte, teríamos de esperar quase um milhão de anos para ver o planeta agindo como microlente”.

Reprodução

Concepção artística do fenômeno de microlente gravitacional. Imagem: Jan Skowron/Observatório Astronômico da Universidade de Varsóvia

Por isso, os pesquisadores acompanhavam o brilho de diversas estrelas ao mesmo tempo por meio de instrumentos do Observatório Las Campanas, no Chile. O candidato a exoplaneta foi batizado como OGLE-2016-BLG-1928, e seu evento de observação durou aproximadamente 42 minutos, um dos mais curtos já registrados com a técnica de microlente.

Os cálculos da equipe sugerem que a massa do corpo celeste está entre a de Marte e a da Terra, e que provavelmente ele vaga mais próximo do planeta vermelho que daqui.

Via: Space

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital