Pesquisa da Nasa explica neblina azulada que cobre Plutão

Partículas mil vezes menores do que a espessura de um fio de cabelo se formam a mais de 32 quilômetros de altura da superfície do planeta anão
Renato Mota14/05/2020 19h30

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A atmosfera de Plutão é coberta por uma neblina azul muito fina, formada a partir da fraca luz do Sol, que viaja 6,7 bilhões de quilômetros até lá. Essas foram algumas das descobertas feitas pelo Observatório Estratosférico de Astronomia Infravermelha, ou Sofia (Stratospheric Observatory for Infrared Astronomy) montado a bordo de um Boeing 747SP especialmente modificado.

Segundo a Nasa, a neblina fina que envolve Plutão é feita de partículas muito pequenas que permanecem na atmosfera por períodos prolongados – e que são ativamente renovadas à medida que o planeta anão se move para áreas ainda mais frias do espaço em sua órbita de 248 anos ao redor do Sol.

Quando a sonda New Horizons passou por Plutão em 2015 fez algumas imagens dessa atmosfera nebulosa, mas os dados coletados por Sofia ajudam a explicar como essa neblina de é formada a partir da evaporação do gelo da superfície.

A atmosfera de Plutão é predominantemente gás nitrogênio, juntamente com pequenas quantidades de metano e monóxido de carbono. As partículas de neblina (extremamente pequenas, com entre 0,06 e 0,10 micrometros de espessura, ou cerca de mil vezes menores que a espessura de um cabelo humano) se formam a mais de 32 quilômetros acima da superfície, à medida que o metano e outros gases reagem à luz solar, antes de chover lentamente para a superfície gelada.

Plutão e sua lua, Caronte (Nasa/JHUAPL/SWRI)

“Plutão é um objeto misterioso que nos surpreende constantemente”, afirma o diretor do Observatório Astrofísico Wallace, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Michael Person, principal autor do artigo publicado na revista científica Icarus. Devido ao seu tamanho pequeno, essas partículas espalham a luz azul mais do que outras cores, à medida que flutuam em direção à superfície.

“Houve dicas em observações remotas anteriores de que poderia haver uma neblina, mas não havia evidências fortes para confirmar que ela realmente existia até que os dados viessem do Sofia. Agora estamos questionando se a atmosfera de Plutão entrará em colapso nos próximos anos ou se é mais resistente do que pensávamos”, completa Pearson.

Sofia observou Plutão apenas duas semanas antes do sobrevoo da New Horizon, em julho de 2015. O avião sobrevoou o Oceano Pacífico e apontou seu telescópio de quase três metros para o planeta anão durante uma ocultação – um evento semelhante a um eclipse no qual Plutão projetou uma sombra fraca na superfície da Terra enquanto passava na frente de uma estrela distante.

Isso permitiu ao observatório estudar as camadas intermediárias da atmosfera de Plutão nos comprimentos de onda da luz infravermelha e visível. Dias depois, a New Horizons sondou as camadas superior e inferior da atmosfera usando ondas de rádio e luz ultravioleta. Essas observações combinadas forneceram uma imagem mais completa da atmosfera de Plutão.

Via: Nasa

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital