Terra pode ter mais bits que átomos em 500 anos, afirma pesquisador

Físico sugere que a informação poderia alcançar metade da massa da Terra em 2245; ideia de que os dados têm massa quantificável é exclusivamente teórica
Davi Medeiros27/08/2020 19h52, atualizada em 27/08/2020 20h30

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O físico Melvin Vopson, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, propôs uma teoria intrigante num atigo publicado na revista AIP Advances. Para ele, a quantidade de bits digitais produzidos pelo ser humano pode ultrapassar o número de átomos da Terra em 350 anos, e inclusive alcançar metade da massa do planeta em 2245.

Para desenvolver sua análise, o pesquisador levou em conta uma teoria proposta pelo físico alemão Rolf Landauer em 1961, que atribui propriedades físicas à informação. Segundo Landauer, a destruição de bits num sistema levaria inevitavelmente à liberação de uma quantidade correspondente de calor.

Com base nessa teoria, Vopson propôs a hipótese de que a informação pode ter implicações não apenas termodinâmicas, mas também uma massa calculável. Seguindo essa ideia, cada bit teria um “peso” cerca de 10 milhões de vezes menor que o de um elétron.

Dessa forma, a informação seria “leve” o suficiente para que sua massa fosse completamente irrelevante. Em um ano, a totalidade de bits digitais produzidos seria equivalente ao peso de uma única bactéria E. coli.

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Físico sugere que a quantidade de dados pode tornar a Terra mais “pesada” no futuro, causando uma catástrofe. Imagem: Anton Balazh/ Shutterstock

No entanto, considerando o aumento na produção de conteúdo digital nas últimas décadas, e assumindo uma taxa de crescimento exponencial de 20% ao ano, Vopson estima que os dados poderiam representar metade da massa da Terra em menos de 500 anos.

Já se for projetada uma taxa de crescimento de 50% – mais próxima da realidade-, metade do planeta seria informação bem antes, em 2245.

Além de “pesado”, o número de bits seria de tal forma gigantesco, que, em 350 anos, excederia a quantidade de átomos presentes na Terra, estimada em 1,33 x 1050. De acordo com o pesquisador, existem cerca de 1021 bits de informação atualmente no planeta.

Vopson, que considera que seu estudo traz à tona uma “crise invisível”, afirma ser urgente que os dados passem a ser armazenados em meios não materiais, como hologramas, por exemplo.

“Vejo isso como um problema real”, diz ele, “assim como a queima de combustíveis fósseis, poluição de plástico e desmatamento. Acho que a informação é algo esquecido por todos. Estamos literalmente mudando o planeta ‘bit por bit'”.

Apesar de intrigante, o estudo de Melvin Vopson é exclusivamente teórico, e a ideia de que a informação teria massa quantificável não tem comprovação prática.

Por ora, o ideal é considerar a sua hipótese como uma possibilidade muito interessante, mas continuar se importando com os problemas comprovados com os quais ele comparou sua teoria, como a poluição por plástico e o desmatamento. Afinal, o aquecimento global trará consequências num prazo bem inferior a 350 anos.

Via: Live Science

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital