Sonda japonesa registra superfície vermelha e azul de asteroide

Hayabusa2 está voltando para a Terra com amostras do asteroide Ryugu, mas a análise das imagens em alta resolução feitas pela sonda já trouxe novidades para os pesquisadores
Renato Mota07/05/2020 20h20

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O asteroide Ryugu nem sempre percorreu a órbita que mantém hoje, a cerca de 180 milhões de quilômetros da Terra. No passado, o corpo celeste de 850 metros de largura já viajou bem mais próximo do Sol, o que fez com que sua superfície adquirisse tonalidades em azul e vermelho.

Essas são algumas das descobertas mais recentes feitas pela sonda japonesa Hayabusa2, que depois de um ano e meio estudando o asteroide está a caminho de casa, com expectativa de chegada na Terra (com amostras do Ryugu) em dezembro. O novo estudo, realizado por cientistas da Jaxa, foi publicado na revista Science nesta quinta-feira (07) e utilizou imagens em alta resolução feitas pela sonda.

“Dois tipos distintos de material estão presentes na superfície com cores diferentes: um mais azul, distribuído na cordilheira equatorial e nas regiões polares, e outro mais vermelho nas regiões de latitude média. No entanto, a causa dessas variações espectrais não é compreendida”, escreveram os pesquisadores.

Inclinação espectral da superfície de Ryugu (Morota et al., Science, 2020)

“As variações latitudinais de cores sugerem o avermelhamento do material da superfície exposta pelo aquecimento solar e/ou pelo clima”, explica o estudo. Quando fez seu pouso, a Hayabusa2 dispersou os grãos finos e detritos que estavam à sua volta. Imagens e observações do asteroide já haviam determinado que o Ryugu era manchado – e o local de amostragem foi parcialmente escolhido porque fornecia uma mistura dos dois tipos de material.

Entretanto, quando a Hayabusa2 decolou a camada de poeira que mais se dispersou pareceu corresponder ao material mais vermelho, ao invés do material azul. Os pesquisadores ainda notaram outras peculiaridades: pedras maiores tendiam para o azul, enquanto o material mais fino ao redor era mais vermelho. As crateras cheias de material azul são mais jovens que as vermelhas, como se o impacto tivesse atingido a camada superior vermelha e expusesse a superfície azul por baixo.

De acordo com os pesquisadores, isso indica que o avermelhamento da superfície ocorreu há pelo menos 300 mil anos. “Sugerimos que Ryugu experimentou um período anterior de forte aquecimento solar causado por mudanças em sua órbita”, completa a pesquisa. Esse aquecimento deixou o asteroide, que era azul, com manchas avermelhadas. Com o tempo, as forças que atuam na superfície do asteroide misturaram o material avermelhado e o azulado na sua superfície.

Uma ilustração esquemática da evolução de Ryugu (Morota et al., Science, 2020)

A agência espacial japonesa lançou a missão Hayabusa2 em dezembro de 2014. A sonda chegou ao asteroide em junho de 2018 e o estudou por um ano e meio. Depois de fazer várias imagens, lançar dois rovers e um robô e coletar uma amostra do solo, a Hayabusa2 finalmente está voltando para a Terra, trazendo consigo tanto o material avermelhado e quanto o azulado para serem estudados.

Via: CNet/Science Alert

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital