Pesquisadores criam óculos 3D para observar o núcleo de galáxias

Dividindo a luz emitida pelos quasares de acordo com a sua polarização, os cientistas estão conseguindo criar modelos mais precisos de núcleos galácticos ativos
Renato Mota13/03/2020 19h10

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Cientistas se inspiraram nos óculos 3D dos cinemas para criarem uma nova técnica para observar galáxias. Alimentando cada olho com a luz de uma polarização específica, horizontal ou vertical, pesquisadores da Rússia e da Grécia conseguiram distinguir entre a luz proveniente de diferentes partes dos quasares.

Núcleos galácticos ativos, também conhecidos como quasares, são enormes buracos negros com uma grande quantidade de matéria em órbita. Esse material, girando em velocidades desconcertantes enquanto cai em direção ao buraco negro, forma o chamado “disco de acreção”, que produz luz.

Por razões ainda desconhecidas, parte dessa matéria que “cai” no buraco negro é ejetada para fora dele, também numa velocidade absurda, ao longo do eixo de rotação. Por isso, quando são observados por telescópios, quasares têm dois jatos simétricos de plasma quente, além da luz do disco de acreção, das estrelas, poeira e gás da galáxia que o hospeda.

Pesquisas anteriores constataram que os núcleos galácticos emitiam dois tipos diferentes de luz, com polaridades distintas. A maioria dos telescópios opera na faixa óptica e vê um núcleo galáctico como um pequeno ponto distante. Por sua limitação, eles não conseguem distinguir de que parte do quasar a luz vem e qual a direção do jato de plasma. Mas o telescópio consegue medir a polarização da luz, o que pode dar pistas sobre a origem dessa radiação.

Já os radiotelescópios oferecem uma resolução muito melhor e produzem uma imagem que revela a direção do jato de plasma, mas não capta radiação da região central, que inclui o disco de acreção. O truque então está em combinar os pontos fortes dos dois tipos de observação.

Alexander Plavin, um dos autores do estudo publicado no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society , explica que ” medindo a polarização da luz captada pelo telescópio, podemos saber qual parte da radiação veio do jato e determinar sua direção. Isso é análogo ao modo como os óculos 3D permitem que cada olho veja uma imagem diferente. Não há outra maneira de obter essas informações sobre o disco e jato com um telescópio óptico”.

A pesquisa será fundamental para modelar o comportamento dos buracos negros, estudar os discos de acreção e entender o mecanismo que acelera as partículas quase à velocidade da luz nos núcleos galácticos ativos.

Via: Phys.org

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital