Como detectar o que é invisível? Observando a sua influência nos objetos ao redor. Foi assim que os astrônomos detectaram aglomerados de matéria escura – uma substância invisível que compõe a maior parte da massa do universo – em torno de galáxias grandes e médias. Agora, usando o Hubble e uma nova técnica de observação, os pesquisadores descobriram que a matéria escura forma aglomerados de estrelas muito menores do que se sabia anteriormente.

A observação foi feita ao se medir como a luz de quasares distantes é afetada à medida que viaja pelo espaço. Quasares são os núcleos brilhantes de galáxias muito distantes. As imagens do Hubble mostram que a luz dos quasares é distorcida e ampliada pela gravidade de galáxias massivas em primeiro plano, em um efeito chamado lente gravitacional.

Os astrônomos usaram esse efeito de lente para detectar pequenos aglomerados de matéria escura – os menores já vistos até então. Esse resultado confirma uma das previsões fundamentais da teoria da “matéria escura fria”, que é amplamente aceita pela comunidade científica, e diz que a matéria escura é feita de partículas lentas, ou “frias”, que se juntam para formar estruturas que variam de centenas de milhares de vezes a massa da Via Láctea a aglomerados não mais massivos que o peso de um avião comercial.

As concentrações de matéria escura detectadas pelo Hubble são dez mil a cem mil vezes menor do que a massa do halo de matéria escura da Via Láctea. Muitos desses pequenos agrupamentos provavelmente não contêm nem mesmo galáxias pequenas e, portanto, seriam impossíveis de serem detectados pelo método tradicional.

A matéria escura é uma forma invisível de matéria que compõe a maior parte da massa do universo e cria as estruturas sobre os quais as galáxias são construídas, funcionando como uma “cola” gravitacional. Os astrônomos podem detectar sua presença indiretamente, medindo como sua gravidade afeta estrelas e galáxias.

A observação do Hubble fornece novas ideias sobre a natureza da matéria escura e como ela se comporta. “A matéria escura, em escalas menores, é mais fria do que acreditávamos”, afirma a líder de pesquisa do Hubble, Anna Nierenberg. “Os astrônomos já realizaram outros testes observacionais das teorias da matéria escura, mas o nosso fornece a evidência mais forte ainda para a presença de pequenos aglomerados de matéria escura fria. Ao combinar as últimas previsões teóricas, ferramentas estatísticas e novas observações do Hubble, agora temos um resultado muito mais robusto”, completa.

Via NASA