Se você estiver procurando um cenário romântico para levar sua alma gêmea para um jantar especial, recomendo Europa. Não o Velho Continente (que também é incrível), mas a lua de Júpiter, que de acordo com uma pesquisa feita por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa, conta com oceanos que brilham no escuro, sob a espessa camada de gelo que cobre sua superfície.
A luz vem da reação da água salgada à radiação de alta energia que Júpiter joga na sua lua. Essas partículas atingem a superfície de Europa e fazem os componentes presentes na água brilharem em verde, azul ou branco e com vários graus de luminosidade, dependendo do material que está reagindo.
Os cientistas da Nasa usam um espectrômetro para separar a luz em comprimentos de onda e determinar do que o gelo é feito. “Esse brilho noturno poderia fornecer informações adicionais sobre a composição da superfície de Europa. A variação dessa composição poderia nos dar pistas sobre se Europa possui condições adequadas para a vida”, explica o principal autor do trabalho que descreve as descobertas, Murthy Gudipati. O artigo foi publicado na Nature Astronomy.
Europa possui um enorme oceano sob sua espessa crosta de gelo. Observações anteriores indicavam que essa água poderia ser feita de uma mistura de gelo e sais comumente conhecidos na Terra, como sulfato de magnésio e cloreto de sódio (o famoso sal de cozinha). A nova pesquisa mostra que esses componentes, misturados na água gelada e expostos à radiação, produzem um brilho peculiar.
“Quando tentamos novas composições de gelo, o brilho parecia diferente. Então apontamos um espectrômetro para a mistura, e cada tipo de gelo tinha um espectro diferente”, lembra Bryana Henderson, coautora da pesquisa.
Superfície de Europa vista pela sonda Galileo. Imagem: Nasa/JPL-Caltech/SETI Institute
Essa característica, inclusive, faz com que Europa pareça diferente de outras luas para nossos telescópios. “Vemos nossa própria Lua porque ela reflete a luz do Sol. Mas o brilho de Europa é causado por um mecanismo totalmente diferente”, explicam os cientistas. “Imagine uma lua que brilha continuamente, mesmo em seu lado noturno – o lado oposto ao Sol”.
A Nasa está com uma visita marcada ao satélite: a missão Europa Clipper, com lançamento previsto para meados da década de 2020, observará a superfície da lua em vários voos durante a órbita de Júpiter. Cientistas da missão estão revisando as novas descobertas para avaliar se um brilho seria detectável pelos instrumentos científicos da sonda.
“Não é sempre que você está em um laboratório e diz: ‘podemos encontrar isso quando chegarmos lá'”, conta Gudipati. “Normalmente é o contrário – você vai lá e encontra algo e tenta explicá-lo no laboratório”, completa.
Via: Nasa