Novos dados ampliam busca por vida alienígena em mais de 200 vezes

Pesquisadores utilizaram dados do telescópio Gaia, da ESA, para expandir em mais de 21.000% o número de sistemas estelares analisados em busca de vida inteligente na galáxia
Renato Mota03/09/2020 18h37

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Criado em 1984, o SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) é um dos mais longevos projetos de busca por vida extraterrestre inteligente no universo. Utilizando análise de dados, aprendizado de máquina e tecnologias avançadas de detecção de sinal, pesquisadores de diversas instituições contribuem com a compreensão da origem da vida e a evolução da inteligência. E essa busca aumentou em mais de 21.000%.

Uma equipe de cientistas da Universidade de Manchester, no Reino Unido, conseguiu aumentar sua operação para expandir a busca por vida extraterrestre de 1.327 para 288.315 sistemas estelares – aumentando o número de estrelas analisadas por um fator de mais de 200.

O principal projeto beneficiado foi o Breakthrough Listen, lançado em 2015, que utiliza radiotelescópios, telescópios ópticos e detectores ultrassensíveis para analisar estrelas e galáxias próximas à nossa em busca de sinais de vida inteligente. Os cientistas da Universidade de Manchester contribuiram com os novos cálculos de distância depois de vasculhar os dados coletados pela Agência Espacial Europeia (ESA) sobre a localização e a distância dos corpos celestes da Terra em um raio de 33 mil anos-luz – o limite de alcance do telescópio Gaia.

“Conhecer as localizações e distâncias dessas fontes adicionais melhora muito nossa capacidade de restringir a prevalência de inteligência extraterrestre em nossa própria galáxia e além. Esperamos que futuras pesquisas SETI também façam bom uso desta abordagem”, afirma o líder da equipe, Michael Garrett, que publicou seus resultados no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

“Este trabalho mostra o valor de combinar dados de diferentes telescópios”, afirma o diretor do SETI, Andrew Siemion. “Expandir nossas observações para cobrir quase 220 vezes mais estrelas teria exigido um investimento significativo de nosso tempo de telescópio, sem mencionar os recursos de computação para realizar a análise. O novo estudo extraiu informações adicionais do conjunto de dados existente para nos deixar um passo mais perto de saber a resposta à pergunta mais profunda da humanidade: Estamos sozinhos?”, completa.

Ouvidos atentos

A nova amostra ampliada inclui agora inúmeras estrelas gigantes e anãs brancas que antes não entravam nas buscas. Além de melhorar os limites de busca para estrelas próximas, o estudo estabeleceu limites para estrelas mais distantes – com a advertência de que qualquer forma de vida em potencial habitando os limites externos da galáxia precisaria de transmissores ainda mais poderosos para ser detectada.

A ideia do SETI é identificar civilizações extraterrestres por meio de transmissões de rádio – como as que nós mesmo temos enviado desde o início do século 20. O aumento no escopo da busca, na verdade, é uma má notícia para quem espera que encontremos alienígenas tão cedo: o resultado sugere que menos de 0,04% dos sistemas estelares têm o potencial de hospedar civilizações avançadas com a tecnologia de rádio equivalente ou ligeiramente mais avançada do que os humanos do século 21.

“Agora sabemos que menos de uma em 1.600 estrelas em um raio de 330 anos-luz pode hospedar transmissores apenas algumas vezes mais potentes do que o radar mais potente que temos aqui na Terra. Mundos habitados com transmissores muito mais poderosos do que podemos produzir atualmente devem ser mais ainda raros”, avalia Bart Wlodarczyk-Sroka, coautor do estudo.

A análise, dizem os pesquisadores, só pode localizar civilizações inteligentes e tecnicamente avançadas que usam ondas de rádio como forma de comunicação – eles não poderiam, por exemplo, detectar vida “simples” ou civilizações que ainda não desenvolveram essas técnicas.

Via: Futurism

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital