Espaçonave usa Vênus como ‘freio’ para chegar até Mercúrio

BepiColombo fez a primeira de duas passagens pelo planeta; chegada a Mercúrio está prevista para 2025
Rafael Rigues15/10/2020 16h09

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A missão BepiColombo completou, na madrugada desta quinta-feira (15), a primeira de duas manobras ao redor de Vênus para reduzir sua velocidade em sua jornada rumo a Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol.

Segundo a agência espacial europeia (ESA), que opera a sonda em conjunto com a agência espacial japonesa (JAXA), a manobra foi feita às 1h58 (horário de Brasília), quando o veículo estava a 10.720 km da superfície do planeta. A segunda passagem por Vênus ocorrerá em 10 de agosto de 2021, e fará com que a espaçonave chegue muito mais perto do planeta: apenas 550 quilômetros .

A BepiColombo realizará ao todo nove manobras de “assistência gravitacional” em sua jornada rumo a Mercúrio: uma ao redor da Terra, duas ao redor de Vênus e seis ao redor de Mercúrio, antes de finalmente ser colocada em uma órbita ao redor do planeta em 2025.

Durante a manobra a espaçonave circula um planeta, usando sua atração gravitacional para ganhar ou perder energia, alterando seu curso e velocidade rumo a um destino. No caso da BepiColombo, as manobras servem para “frear” a espaçonave, compensando a atração gravitacional cada vez maior que o Sol exerce sobre ela à medida se aproxima de Mercúrio.

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Imagem de Vênus capturada pela BepiColombo. Foto: ESA

A manobra foi idealizada por Giuseppe “Bepi” Colombo, que dá nome à missão. O cientista, matemático e engenheiro italiano idealizou a manobra durante a missão Mariner 10 da Nasa, a primeira espaçonave a passar pelo planeta.

Aproveitando a oportunidade

Em sua passagem por Vênus a BepiColombo acionou sete de seus onze instrumentos e um sensor de radiação a bordo do módulo europeu, o Mercury Planetary Orbiter, além de três dos cinco instrumentos a bordo do módulo japonês, o Mercury Magnetospheric Orbiter. Embora tenham sido projetados para analisar a superfície rochosa de Mercúrio, que não tem uma atmosfera, os cientistas os utilizaram para obter algumas informações sobre Vênus.

“Esperamos conseguir fornecer alguns perfis de temperatura e densidade atmosférica, informações sobre a composião química e cobertura das nuvens, e sobre a interação do ambiente magnético entre o Sol e Venus”, diz Johannes Benkhoff, cientista do projeto BepiColombo na ESA.

Entretanto, os principais resultados devem surgir só no ano que vem, com o sobrevoo mais próximo. Os instrumentos da BepiColombo não foram projetados para detectar Fosfina, substância encontrada recentemente na atmosfera de Vênus e que pode ser indício de vida no planeta.

Em outubro de 2021 a missão fará sua primeira passagem por Mercúrio, chegando a 200 km de sua superfície. Espera-se que os módulos japonês e europeu coletem dados sobre o planeta até 1º de maio de 2028.

Fonte: ESA

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital