Um artigo publicado na Live Science aponta que pode haver rachaduras no “espaço-tempo”, mas que os telescópios criados pela humanidade não podem vê-las. “Espaço-tempo” é o sistema de coordenadas usado como base para o estudo da relatividade. O tempo e o espaço tridimensional são combinados como uma única variedade de quatro dimensões que é chamada de “espaço-tempo”.
De acordo com o estudo, essas rachaduras – se existirem de fato – são antigas e remanescentes de um tempo logo após o Big Bang. Elas surgiram quando o Universo havia mudado de um estado mais quente para um mais frio. Esse processo, que os físicos chamam de “transição de fase”, começou mais cedo em alguns lugares do que em outros.
“Bolhas” mais frias se formaram e se espalharam, percorrendo o espaço até encontrar semelhantes para se juntar. Eventualmente, todo o espaço passou por esse processo, e o velho Universo desapareceu, dando lugar ao que conhecemos hoje.
Esse estado de calor excessivo pode ter deixado brechas entre as bolhas, verdadeiras rachaduras no tecido do espaço-tempo em que as regiões frias não se encaixaram. Alguns físicos pensaram que seria possível encontrar evidências dessas rachaduras – conhecidas como “cordas cósmicas”. Entretanto, de acordo com o novo artigo, essa evidência seria fraca demais para que qualquer telescópio atual as visse.
“Cordas cósmicas são objetos difíceis de imaginar, mas existem”, disse Oscar Hernández, físico da Universidade McGill, em Montreal, e co-autor do artigo, em entrevistas à Live Science. “Você já andou em um lago congelado? Você notou rachaduras no gelo? Ele ainda é bastante sólido, mas há rachaduras”, completou.
Os pontos de encontro imperfeitos na superfície congelada do lago formam longas rachaduras. No tecido onde o espaço e o tempo se cruzam, eles formam cordas cósmicas. No espaço, acreditam os pesquisadores, existem campos que determinam o comportamento de forças e partículas fundamentais. As primeiras transições de fase do Universo criaram esses campos.
“Pode haver um campo relacionado a alguma partícula que, em certo sentido, ‘escolha uma direção para congelar e esfriar’. Como o Universo é realmente grande, ele pode escolher direções diferentes, em outras partes do universo”, afirmou. “Agora, se esse campo obedecer a certas condições, então, quando o universo esfriar, haverá linhas de descontinuidade, haverá pontos de energia que não poderão se resfriar”.
Hoje, esses pontos de encontro apareceriam como linhas infinitesimalmente finas de energia através do espaço. Encontrar essas “cordas cósmicas” seria um grande negócio, porque elas seriam outra evidência de que a física é maior e mais complicada do que o modelo atual permite, disse Hernández.
Mesmo não sendo observável, cientistas trabalham em um novo método para caçar essas cordas cósmicas e determinar sua localização. Ele é baseado em medições da expansão do Universo em todas as direções.
Esse método – batizado de mapeamento de intensidade de ’21 cm’ – não depende dos movimentos de galáxias individuais, disse Hernández. Em vez disso, é baseado na medição de velocidade com que os átomos de hidrogênio se afastam da Terra em todas as partes do espaço profundo.
Os observatórios que pretendem implementar o mapeamento de ’21 cm’ ainda não estão funcionando. Mas, quando eles estiverem, descreve o artigo, há uma esperança de que evidências claras sobre sequências cósmicas sejam encontradas em seus dados.
Via: Live Science