Diferentemente da Terra, Marte não tem um campo magnético global para proteger o planeta do rigoroso clima espacial, mas possui pontos de magnetismo induzidos localmente. Agora, pesquisadores enfim conseguiram montar um mapa detalhado das correntes responsáveis pela formação destes campos magnéticos.

Isso permite que os cientistas entendam melhor como Marte perdeu grande parte de sua atmosfera ao longo de bilhões de anos, bem como as atuais interações entre os ventos solares e a magnetosfera do planeta.

A equipe que trabalha com a sonda Mars Atmosphere and Volatile Evolution (MAVEN) conseguiu produzir algumas visualizações impressionantes das leituras magnéticas capturadas, como podemos ver no vídeo abaixo. Fluxos de energia anteriormente ocultos são subitamente visíveis em cores.

“Essas cores desempenham um papel fundamental na perda atmosférica que transformou Marte de um mundo que poderia ter sustentado a vida, em um deserto inóspito”,  afirmou Robin Ramstad, cientista planetário da Universidade do Colorado, em Boulder. “Atualmente, estamos trabalhando no uso das correntes para determinar a quantidade precisa de energia que é extraída do vento solar e alimenta a fuga atmosférica”.

Como agem as correntes elétricas

A equipe analisou cinco anos de dados do MAVEN para apresentar seus mapas, que mostram correntes elétricas criando uma estrutura de loop duplo em torno do planeta, envolvendo todos os dias e noites marcianos.

Essas correntes interagem com o vento solar que entra, fazendo com que ele envolva Marte e flua ao seu redor como um macarrão espaguete ao redor de uma bola de basquete. As descobertas têm como base a cauda magnética exclusiva do planeta vermelho, descoberta há três anos pela MAVEN.

Outro ponto interessante para os pesquisadores é o detalhe da interação entre os ventos solares e as correntes elétricas, e como a energia é transferida entre a atmosfera superior, a magnetosfera e o vento solar.

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Mapa do campo magnético de Marte. Imagem: Nasa/Goddard/MAVEN/SVS/CU Boulder/Cindy Starr

“A atmosfera de Marte se comporta um pouco como uma esfera de metal que fecha um circuito elétrico”, explica Ramstad. “As correntes fluem na atmosfera superior, com as camadas de corretes mais fortes persistindo entre 120 e 200 quilômetros acima da superfície do planeta”.

Além de oferecer algumas imagens impressionantes, o mapa montado pelos pesquisadores deve ser capaz de nos contar mais sobre como a atmosfera marciana continua desaparecendo e como essas interações podem ter evoluído ao longo da história do planeta.

Ainda restam muitas perguntas sobre o que aconteceu com a densa e movimentada atmosfera de Marte, e sobre como poderíamos tornar o planeta habitável novamente. Há muito mais por descobrir com a MAVEN.

A pesquisa foi publicada na Nature Astronomy.

Via: Science Alert