A madrugada desta quarta-feira (28) foi marcada pelo ápice da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul. O fenômeno, que ocorre todo ano entre os meses de julho e agosto, iluminou o céu com cerca de 25 meteoros por hora. Caso você tenha perdido o evento astronômico, não se preocupe, ainda é possível observar a passagem dos detritos espaciais pela órbita terrestre.
Isso porque a ocorrência da chuva de meteoros Delta Aquáridas do Sul deve perdurar até a metade de agosto. Ao Olhar Digital, o presidente da Associação Paraibana de Astronomia, Marcelo Zurita, explica que as melhores condições para observar o fenômeno são nas noites de pico, porém a Delta Aquáridas do Sul ainda reserva a média de 10 meteoros por hora para a madrugada desta quinta-feira (30).
Captura da chuva de meteoros de Delta Aquáridas do Sul, em João Pessoa, na Paraíba. Imagem: Marcelo Zurita/Associação Paraibana de Astronomia
Segundo o astrônomo, esta madrugada também representa a máxima de outra chuva de meteoros, a Alfa Capricornídeos. Neste caso, a estimativa é de cinco meteoros por hora. Assim como a Delta Aquáridas do Sul, o fenômeno também estará visível a observadores de todas as regiões do Brasil.
O melhor período para acompanhar os eventos acontece entre as 21:30h de quarta-feira e 02:30h de quinta (horário de Brasília), quando o radiante – isto é, a posição no céu de onde os meteoros parecem surgir – está mais alto. É possível observar os meteoros a olho nu, ou seja, sem a necessidade de telescópios ou outras ferramentas.
De acordo com Zurita, o ideal é optar por ambientes escuros, com pouca poluição luminosa. Ele diz que não é necessário olhar diretamente para o radiante dos fenômenos e que o observador deve privilegiar os pontos mais escuros do céu. O especialista ainda recomenda que observadores não tentem registrar os meteoros com máquinas fotográficas, uma vez que a aparição dos detritos espaciais é bem rápida e muito difícil de ser capturada.
Aspectos diferentes
A Delta Aquáridas do Sul e a Alfa Capricornídeos recebem essas denominações devido a seus radiantes. Enquanto a primeira costuma surgir na direção da constelação de aquário, a segunda está associada à constelação de capricórnio. Os radiantes, no entanto, não são a única diferença entre os dois eventos, que apresentam aspectos bem distintos.
“Enquanto a Delta Aquáridas do Sul tem meteoros longos e lentos, a Alfa Capricornídeos é famosa por ter meteoros rápidos e muito explosivos.”, afirma Zurita. Segundo o astrônomo as diferença remetem à origem e o tamanho dos detritos das duas chuvas de meteoro.
Imagem de meteoro da Chuva de Alfa Capricornídeos capturada no dia 23/07, no Maranhão. Imagem: Edgar Merizio
Estudos recentes apontam que a Alfa Capricornídeos é originada do cometa 169p/NEAT, que há cerca de 5 mil anos se partiu no espaço. Um pedaço do cometa se desintegrou e formou uma nuvem de poeira com detritos um pouco maiores se comparados com os meteoros da Delta Aquáridas.
“Quando a Terra passa por dentro dessa nuvem e esses detritos atingem o planeta a uma velocidade muito elevada, eles acabam chegando às camadas mais densas da atmosfera, gerando essa explosão”, pontua o astrônomo. Por isso, a Alfa Capricornídeos pode apresentar meteoros maiores e mais brilhantes conhecidos com bólidos.
Já a origem da Delta Aquáridas ainda não foi confirmada pela ciência, mas suspeita-se que os resquícios que compõem a chuva de meteoros são frutos do cometa 96P/Machholz.
*Crédito da imagem de destaque: Dr. Jung