Meteoro mais brilhante que o planeta Vênus explode sobre SP e MG

Câmeras flagram fenômeno em várias cidades dos dois estados brasileiros
Liliane Nakagawa28/04/2020 09h55

20200428070418

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Por Marcelo Zurita*

Todos os dias, a Terra é bombardeada por cerca de 100 toneladas de material cósmico. Quando atingem a atmosfera, pequenos fragmentos do tamanho de um grão de areia são capazes de produzir um fenômeno luminoso que chamamos de meteoros ou estrelas cadentes. Esses pequenos fragmentos são os mais comuns, mas de vez em quando, um objeto um pouco maior atinge a atmosfera e acaba gerando um espetáculo luminoso. E foi justamente o que ocorreu na madrugada dessa sexta (24) em São Paulo.

Eram 2h24 da manhã de sexta (24), quando as câmeras da Bramon, Rede Brasileira de Observação de Meteoros, e do Clima ao Vivo, flagraram um grande bólido no interior de São Paulo. Confira o vídeo.

Análises

De acordo com as análises preliminares feitas pela Bramon, o bólido foi gerado por um fragmento de rocha espacial do tamanho de um melão, pesando entre 4 e 7 quilos, que entrou na atmosfera às 2h24 da manhã com uma velocidade de 19 Km/s (o equivalente a 68.400 Km/h) em um ângulo de 42,7° em relação ao solo. O meteoro começou a brilhar a cerca de 78 Km de altitude o sobre o município paulista de Fernandópolis/SP. Seguiu na direção nordeste, explodiu e se extinguiu a 27,4 Km de altitude sobre o município de Riolândia, na divisa de São Paulo com Minas Gerais.

Reprodução
Mapa preliminar da trajetória do bólido – Créditos: Bramon

Ainda segundo a Bramon, as análises foram feitas a partir da triangulação de imagens captadas nas cidades de Nhandeara e de Monte Azul, ambas em São Paulo, mas também houve vídeos gravados em outras três cidades de São Paulo, e quatro cidades de Minas Gerais.
Veja abaixo uma coletânea dessa imagens.
Reprodução
Nhandeara/SP – Créditos: Renato Poltronieri/Bramon
Reprodução
Nhandeara/SP – Créditos: Renato Poltronieri/Bramon
Reprodução
Barretos/SP – Créditos: Clima ao Vivo
Reprodução
Divinópolis/MG – Créditos: Clima ao Vivo
Reprodução
Lagoa da Prata/MG – Créditos: Clima ao Vivo
Reprodução
Monte Azul Paulista/SP – Créditos: Clima ao Vivo
Reprodução
Oliveira/MG – Créditos: Clima ao Vivo
Reprodução
São Paulo/SP – Créditos: Clima ao Vivo

Reprodução
São Francisco de Paula/MG – Créditos: Clima ao Vivo


Meteoros, bólidos ou meteorito?

Sempre que ocorrem eventos como esse, surgem dúvidas a respeito dos termos meteoros, bólidos e meteoritos. Parecem até sinônimos, mas há uma diferença sensível no significado dessas palavras.

– Meteoro: é o evento luminoso gerado pela passagem de um fragmento de rocha espacial em alta velocidade pela atmosfera. O calor gerado pelo meteoro, consome a imensa maioria dos fragmentos de rocha que atingem nossa atmosfera. Popularmente, um meteoro é chamado de estrela cadente.

– Bólido: é um meteoro mais brilhante que o planeta Vênus (Estrela d’alva) e que geralmente termina com uma explosão. Para gerar essa luminosidade, o fragmento de rocha precisa ser um pouco maior. Quando o bólido apresenta um brilho mais intenso que uma Lua Cheia, chamamos de “Superbólido”.

– Meteorito: é o fragmento de rocha espacial que resistiu à passagem atmosférica e atingiu a superfície da Terra. Geralmente os meteoritos são produzidos em eventos que geram grandes bólidos, mas nem todos os bólidos geram meteoritos.

Bramon: É a Rede Brasileira de Observação de Meteoros, uma organização formada por astrônomos amadores e profissionais que trabalham de forma voluntária e colaborativa para manter uma rede de câmeras de alta sensibilidade que monitoram o céu de todo o Brasil registrando meteoros e outros eventos atmosféricos.

Clima ao Vivo: É um portal de notícias meteorológicas que mantém uma plataforma, única no mundo, com câmeras de alta resolução especificamente posicionadas para tempo e clima, transmitindo abertamente a toda a população.

Marcelo Zurita é presidente da Associação Paraibana de Astronomia, membro da SAB – Sociedade Astronômica Brasileira e diretor técnico da Bramon – Rede Brasileira de Observação de Meteoros

Liliane Nakagawa é editor(a) no Olhar Digital