Astrônomos usam a Lua como ‘espelho’ para estudar atmosfera da Terra

Apontado para o astro, telescópio Hubble detectou ozônio na atmosfera terrestre; método inédito também pode ser utilizado para procurar vida em outros planetas
Davi Medeiros07/08/2020 15h19, atualizada em 07/08/2020 15h32

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Astrônomos da Nasa e da Agência Espacial Europeia (ESA) comprovaram que é possível estudar um planeta sem olhar diretamente para ele. Utilizando o Telescópio Espacial Hubble, os cientistas detectaram a presença de ozônio na atmosfera da Terra (nada novo, até então). O curioso é que, no momento da descoberta, o telescópio estava apontado para a Lua.

O experimento aconteceu durante o eclipse lunar de 21 de janeiro de 2019. A luz proveniente do Sol atravessou a atmosfera terreste e ricocheteou na superfície branca da Lua, partindo em direção ao Hubble. Essa técnica de observação é inédita, e pode ajudar os cientistas na busca por outros planetas habitáveis no universo.

Vida em outros planetas

Desenvolver um método simples para a detecção de ozônio (O3) é fundamental para encontrar sinais de vida em outros planetas. Isso porque a substância é formada quando a luz interage com o oxigênio, quebrando a molécula de O2 em duas partes de O.

Em seguida, o elemento em sua forma simples (O) se junta a outra molécula de O2, resultando em O3. Logo, é certo dizer que não existe ozônio sem oxigênio, e, portanto, a presença dessa molécula pode indicar sinais de vida.

“Encontrar ozônio é significativo porque ele é um subproduto fotoquímico do oxigênio molecular, que por sua vez é um subproduto da vida”, afirmou o astrônomo Allison Youngblood em comunicado da Nasa.

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Representação gráfica de um eclipse lunar, condição que possibilitou o método do “espelho”. Imagem: Reprodução/Nasa

Contudo, a agência destaca que, embora seja um bom indicativo, a presença da substância no céu de um planeta não é garantia absoluta de que exista vida na superfície. “É necessário que haja outros sinais além do ozônio para chegar a uma conclusão, e esses sinais não necessariamente podem ser vistos por meio desse método”, explica Youngblood.

De qualquer forma, a técnica do “espelho” continua sendo empolgante, uma vez que possibilita a detecção de ozônio em atmosferas distantes sem que seja preciso viajar até elas — basta aguardar que os planetas passem em frente a uma estrela.

“Um dos principais objetivos da Nasa é identificar planetas que possam sustentar a vida, mas como reconheceríamos um se o víssemos? É por isso que é importante desenvolver modelos para categorizar atmosferas em planetas distantes”, completa o astrônomo.

Via: Space

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital