Dado o tamanho do universo, imagina-se que os planetas não existam apenas na Via Láctea, mas também em outras galáxias distantes da nossa. Uma equipe de astrônomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (EUA) pode ter confirmado essa hipótese: eles encontraram um candidato a planeta na Galáxia do Redemoinho (também conhecida como Messier 51a), a 23 milhões de anos-luz da Terra.
Batizado como M51-ULS-1b, o possível planeta foi descoberto a partir da observação do chamado trânsito astronômico, que acontece quando um astro passa na frente de uma fonte de luz maior, bloqueando em certa medida a sua visão – um método muito utilizado para identificar exoplanetas dentro da Via Láctea.
Dessa observação, surgem duas possibilidades:
O M51-ULS-1b pode ser de fato um planeta orbitando sua estrela continuamente, mas isso só pode ser confirmado se ele continuar passando pelo mesmo ponto em intervalos de tempo constantes;
É possível que o “planeta” seja apenas um objeto que estava de passagem pela galáxia, e nunca mais volte a aparecer.
Obviamente, a primeira hipótese é a que mais empolga os cientistas – e todos que se interessam por astronomia. No entanto, uma boa dose de paciência será necessária até que ela possa ser confirmada.
Isso porque os dados coletados pelo Chandra mostram que o possível planeta é parecido com Saturno em dois aspectos decisivos: tamanho e distância em relação à sua estrela. Isso significa que, se realmente se tratar de um objeto em órbita, vai demorar décadas até que ele passe novamente pelo mesmo ponto.
Galáxia M51, onde foi descoberto o possível planeta M51-ULA-1b. Imagem: Nasa/ESA/Hubble
Empolgante, mas não inesperado
De qualquer forma, o M51-ULS-1b está inserido num sistema bem diferente do nosso, classificado como binário. Nesse tipo de arranjo, dois corpos de massa estelar orbitam entre si – uma estrela e um buraco negro, por exemplo. A nível de comparação, é como se a Terra orbitasse o Sol e este, por sua vez, girasse ao redor de um objeto ainda maior.
Isso torna a descoberta ainda mais interessante, além do fato de que, se for confirmado, o M51-ULS-1b será o primeiro planeta extragaláctico descoberto em toda a História. Como citado, porém, esse tipo de descoberta já era esperado, e não traz mudanças profundas ao que se conhece do universo.
“É empolgante, mas não inesperado”, avalia a astrônoma Angelle Tanner, da Universidade Estadual do Mississippi, ao site New Scientist. “Não há absolutamente nenhuma razão para pensar que não haveria planetas em outras galáxias”.
O estudo que descreve o candidato a planeta ainda não foi revisado por pares ou publicado em revista científica, e está disponível num repositório online de artigos científicos.
Via: Astronomy