Astrônomos descobrem possível primeiro planeta fora da Via Láctea

Corpo celeste foi encontrado na Galáxia do Redemoinho, a 23 milhões de anos-luz da Terra; comprovação de que se trata de um planeta pode levar décadas
Davi Medeiros25/09/2020 13h06, atualizada em 25/09/2020 13h29

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Dado o tamanho do universo, imagina-se que os planetas não existam apenas na Via Láctea, mas também em outras galáxias distantes da nossa. Uma equipe de astrônomos do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian (EUA) pode ter confirmado essa hipótese: eles encontraram um candidato a planeta na Galáxia do Redemoinho (também conhecida como Messier 51a), a 23 milhões de anos-luz da Terra.

Batizado como M51-ULS-1b, o possível planeta foi descoberto a partir da observação do chamado trânsito astronômico, que acontece quando um astro passa na frente de uma fonte de luz maior, bloqueando em certa medida a sua visão – um método muito utilizado para identificar exoplanetas dentro da Via Láctea.

Dessa observação, surgem duas possibilidades:

  • O M51-ULS-1b pode ser de fato um planeta orbitando sua estrela continuamente, mas isso só pode ser confirmado se ele continuar passando pelo mesmo ponto em intervalos de tempo constantes;

  • É possível que o “planeta” seja apenas um objeto que estava de passagem pela galáxia, e nunca mais volte a aparecer.

Obviamente, a primeira hipótese é a que mais empolga os cientistas – e todos que se interessam por astronomia. No entanto, uma boa dose de paciência será necessária até que ela possa ser confirmada.

Isso porque os dados coletados pelo Chandra mostram que o possível planeta é parecido com Saturno em dois aspectos decisivos: tamanho e distância em relação à sua estrela. Isso significa que, se realmente se tratar de um objeto em órbita, vai demorar décadas até que ele passe novamente pelo mesmo ponto.

Reprodução

Galáxia M51, onde foi descoberto o possível planeta M51-ULA-1b. Imagem: Nasa/ESA/Hubble

Empolgante, mas não inesperado

De qualquer forma, o M51-ULS-1b está inserido num sistema bem diferente do nosso, classificado como binário. Nesse tipo de arranjo, dois corpos de massa estelar orbitam entre si – uma estrela e um buraco negro, por exemplo. A nível de comparação, é como se a Terra orbitasse o Sol e este, por sua vez, girasse ao redor de um objeto ainda maior.

Isso torna a descoberta ainda mais interessante, além do fato de que, se for confirmado, o M51-ULS-1b será o primeiro planeta extragaláctico descoberto em toda a História. Como citado, porém, esse tipo de descoberta já era esperado, e não traz mudanças profundas ao que se conhece do universo.

“É empolgante, mas não inesperado”, avalia a astrônoma Angelle Tanner, da Universidade Estadual do Mississippi, ao site New Scientist. “Não há absolutamente nenhuma razão para pensar que não haveria planetas em outras galáxias”.

O estudo que descreve o candidato a planeta ainda não foi revisado por pares ou publicado em revista científica, e está disponível num repositório online de artigos científicos.

Via: Astronomy

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital