‘Fogos de artifício’ cósmicos mostram o nascimento de estrelas

Registro do aglomerado de estrelas G286.21 + 0.17, a 8 mil anos-luz de distância, uniu observações de ondas de rádio e imagens em infravermelho
Renato Mota03/07/2020 17h33

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Astrônomos reuniram mais de 750 observações feitas com o radiotelescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Alma) e nove imagens infravermelhas do Telescópio Espacial Hubble e montaram um mosaico do aglomerado de estrelas G286.21 + 0.17. A impressionante imagem, que mais parece um show de fogos de artifício no espaço, mostra o nascimento das estrelas a cerca de 8 mil anos-luz de distância.

“Esta imagem mostra estrelas em vários estágios de formação dentro deste único cluster”, explica Yu Cheng, da Universidade da Virgínia, em Charlottesville, principal autor de dois artigos publicados no The Astrophysical Journal (aqui e aqui).

Nuvens densas feitas de gás molecular (as partes em roxo) são reveladas pelo Alma, que capturou os movimentos do gás turbulento caindo dentro do aglomerado, formando núcleos densos que finalmente criam estrelas individuais.

Já as estrelas são reveladas por sua luz infravermelha, detectada pelo Hubble, incluindo um grande grupo de estrelas saindo de um lado da nuvem. Os fortes ventos e a radiação das estrelas mais massivas estão explodindo as nuvens moleculares, deixando tênues fragmentos de poeira quente e brilhante (em amarelo e vermelho).

Este gif animado mostra a estrutura e os movimentos (velocidade na direção do Sol) do gás no aglomerado em formação. Imagem: Alma (ESO/NAOJ/NRAO), Y. Cheng et al.; NRAO/AUI/NSF, S. Dagnello; Nasa/ESA Hubble.

“Isso ilustra o quão dinâmico e caótico é o processo de nascimento de estrelas”, afirma o coautor do estudo, Jonathan Tan, da Universidade Chalmers, na Suécia. “Vemos forças concorrentes em ação: gravidade e turbulência da nuvem de um lado e ventos estelares e pressão de radiação das jovens estrelas do outro”.

O Hubble revelou cerca de mil estrelas recém-formadas com massas variadas, enquanto o Alma mostrou que há muito mais massa presente no gás denso que ainda precisa sofrer colapso. “No geral, o processo pode levar pelo menos um milhão de anos para ser concluído”, acrescentou Cheng.

Via: NRAO

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital