Fluidos ácidos na superfície de Marte podem ter destruído evidências de sinais de vidas no solo do planeta, aponta um novo estudo de pesquisadores do Centro Espanhol de Astrobiologia e da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.
Os cientistas simularam as condições da superfície marciana em laboratório para analisar o processo de degradação de um aminoácido chamado glicina em amostras de argila previamente expostas aos fluidos ácidos. Eles explicam que a superfície argilosa do planeta vermelho é alvo de estudo porque o material pode preservar matérias orgânicas moleculares.
“Sabemos que fluidos ácidos ocuparam a superfície de Marte no passado, alterando as argilas e sua capacidade de proteger [moléculas] orgânicas”, disse Alberto G. Fairén, coautor da pesquisa e cientistas visitante do departamento de astronomia na Cornell University, em comunicado.
Após longa exposição à radiação ultravioleta simulada de Marte, as moléculas de glicina presentes na argila foram degradadas. Segundo o pesquisadores, o contato com as substâncias ácidas eliminou o espaço entre camadas da argila, que foi transformada em uma substância semelhante a um gel. Os resultados foram relatados em um artigo na revista científica Nature Scientific Reports.
Panorama de Marte feito a partir de imagens da missão Pathfinder, de 1997. Foto: Nasa
“Quando as argilas são expostas a fluidos ácidos, as camadas colapsam e a matéria orgânica não pode ser preservada. Elas são destruídas. Nossos resultados neste artigo explicam porque a busca de compostos orgânicos em Marte é tão difícil”, pontua Fairén.
Para os cientistas, o impacto das substâncias sobre o solo marciano representa um desafio para missões espaciais que visam estudar a superfície de Marte, como é o caso da sonda Perseverance, da Nasa. Lançada ao espaço em julho, a espaçonave deve pousar no planeta vermelho em fevereiro de 2021, coletar amostras do solo e enviar o material à Terra até 2030.
Possível sinal de vida em Vênus
Nesta segunda-feira (14), cientistas da Sociedade Astronômica Real no Reino Unido anunciaram a descoberta da presença de moléculas de Fosfina (PH3) na atmosfera de Vênus. Embora isso não confirme a existência de formas de vida no planeta, os pesquisadores apontaram que a substância é uma possível assinatura de atividade biológica.
Em condições terrestres, a fosfina é produzida pela atividade de bactérias anaeróbicas, que não precisam de oxigênio para se desenvolverem. A hipótese dos cientistas é que a Fosfina na atmosfera de Vênus pode ser resultado da atuação de microorganismos ou de processos químicos ainda desconhecidos pela ciência.
Via: Futurism