A Nasa encontrou evidências de gelo fresco em Encélado, uma das luas de Saturno, com potencial para abrigar vida. As evidências apareceram em imagens infravermelhas capturadas pela sonda Cassini e foram divulgadas em comunicado da Nasa.

Embora sua superfície seja repleta de abismos e gargantas, a lua parece bastante uniforme, com uma casca de gelo branca e brilhante, como uma gigantesca bola de neve no espaço. Em comprimentos de onda infravermelhos, os astrônomos descobriram que boa parte desse gelo é fresco, sugerindo que pode haver atividade interna ressurgindo em Encélado.

Mesmo aparentando uniformidade, Encélado não é um lugar tranquilo. Em 2005, a sonda Cassini descobriu plumas de água salgada saindo de quatro enormes abismos paralelos no polo sul da lua, conhecidos como “listras de tigre”. A Cassini passou a mapear mais de 100 gêiseres na região desde então.

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Nasa encontra evidências de gelo fresco em Encélado. Imagem: Divulgação/Nasa/JPL/ESA/SSI

Saturno puxa e estica sua lua, dando origem ao aquecimento interno e à atividade geotérmica, criando rachaduras na superfície gelada do polo sul. Os gêiseres expelem água do interior, mantida líquida pelo aquecimento interno; ao atingir a superfície, essa água congela, criando uma nova camada de gelo.

A nova descoberta aconteceu graças ao Espectrômetro de Mapeamento Visual e Infravermelho (VIMS) da Cassini. O VIMS coletou a luz refletida de Saturno, de suas dez luas principais e de seus anéis e separou-as em diferentes comprimentos de onda, permitindo a análise de suas respectivas composições.

Com esses dados, os astrônomos fizeram um novo mapa espectral de Encélado. Segundo o mapa, os sinais infravermelhos no hemisfério norte da lua são similares aos identificados no polo sul, região onde ficam as “listras de tigre”. Esses sinais se relacionam com o lançamento de nuvens de gelo e vapor.

A Cassini foi enviada ao espaço em 1997, adentrando a órbita de Saturno em 2004. A missão se encerrou em 2017, quando a nave foi lançada contra a atmosfera do planeta. Mesmo assim, a nova análise de seus dados, publicada na Icarus, trouxe informações até então desconhecidas sobre Encélado.

“O infravermelho nos mostra que a superfície do polo sul é jovem – o que não é surpresa, porque sabíamos dos jatos de material gelado que são lançados ali”, afirmou Gabriel Tobie, coautor da pesquisa e cientista do VIMS da Universidade de Nantes, na França.

“Agora, graças a esses olhos infravermelhos, você pode voltar no tempo e dizer que uma grande região no hemisfério norte também parece jovem e provavelmente estava ativa há pouco tempo, em linhas de tempo geológicas”, concluiu Tobie.

A equipe planeja aplicar suas técnicas de análise aos dados nas próximas missões Juice e Europa Clipper, para tentar aprender mais sobre Ganimedes e Europa, duas das luas de Júpiter.

Via: Science Alert