Desde a visita, em 2017, do asteroide interestelar Oumuamua, pesquisadores estão cada vez mais interessados em capturar objetos vindos de outros sistemas solares até o nosso quintal. O desafio, porém, é detectar a entrada desses objetos a partir de suas trajetórias incomuns. Para isso, uma equipe do Departamento de Aeronáutica e Astronáutica (AeroAstro) do MIT propôs a criação de uma rede de satélites ao redor do Sol para perseguir essas rochas espaciais: o Dynamic Orbital Slingshot.
“Existem muitos desafios fundamentais na observação de objetos interestelares a partir da Terra – eles geralmente são tão pequenos que a luz do Sol precisa iluminá-la de uma certa maneira para que nossos telescópios o detectem”, explica Richard Linares, professor assistente do AeroAstro que desenvolveu o conceito do “estilingue orbital dinâmico para encontros com objetos interestelares”.
A ideia é usar satélites estáticos para atuar como vigias interestelares ao longo das bordas do nosso Sistema Solar, aguardando até ser despertado por um objeto cruzando nosso limiar. O projeto foi recentemente selecionado como um estudo de Fase 1 no Programa de Conceitos Avançados Inovadores da Nasa (NIAC), que financia conceitos aeroespaciais inovadores que podem possibilitar e transformar missões futuras.
“Esses objetos estão viajando tão rápido que é difícil lançar uma missão da Terra na pequena janela de oportunidade que temos antes de ela desaparecer. Teríamos que chegar lá rapidamente, e as atuais tecnologias de propulsão são um fator limitante”, afirma Linares.
Ilustração do conceito Dynamic Orbital Slingshot (Richard Linares/Nasa)
Quando um objeto interestelar cruzasse nossa fronteira, o satélite usaria então sua energia armazenada para encontrá-lo. “As missões de sobrevoo tendem a ser mais fáceis porque não exigem que você diminua a velocidade – você passa pelo objeto e tenta tirar o máximo de fotos possível nessa janela”, explica o pesquisador. O satélite ainda aproveitaria a gravidade do Sol para criar um efeito “estilingue” e ganhar velocidade.
“Estudar um corpo interestelar de perto seria uma revolução em nossa compreensão da formação e evolução dos planetas”, avalia o professor de ciências planetárias Benjamin Weiss, que também está trabalhando no projeto. O efeito estilingue poderiam até permitir estudar a viabilidade de enviar objetos para outros sistemas solares, segundo Weiss. “Também poderíamos aprender com que rapidez e com que frequência os objetos transitam entre sistemas solares, o que nos dirá a viabilidade da transferência interestelar de vida”, completa.