Missão que buscará vida em Titã é adiada em razão da Covid-19

Dragonfly deveria decolar com destino à lua de Saturno em 2026, mas teve que ser adiada por um ano depois do impacto da pandemia no orçamento da Divisão de Ciência Planetária da Nasa
Renato Mota28/09/2020 18h52

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A missão Dragonfly, da Nasa, que utilizará um drone para buscar sinais de vida na lua de Saturno, Titã, foi adiada para 2027. De acordo com a agência espacial, a decisão foi “baseada em fatores externos à equipe do projeto, incluindo o impacto da Covid-19 no orçamento da Divisão de Ciência Planetária”.

O lançamento originalmente estava programado para 2026, com expectativa de chegada em 2034. “Nenhuma mudança será necessária na arquitetura da missão para acomodar esta nova data, e o lançamento em uma data posterior não afetará o Dragonfly ou suas capacidades uma vez que chegue em Titã”, completa a Nasa.

O drone/helicóptero será o primeiro veículo com vários rotores utilizado pela Nasa para pesquisa em outro planeta. Tirando vantagem da baixa gravidade e da densa atmosfera de Titã (quatro vezes mais densa do que a da Terra) o Dragonfly será também o primeiro veículo a voar com toda a sua carga de instrumentos para múltiplos locais – podendo, inclusive, voltar neles posteriormente.

Titã, até agora, é o outro único corpo celeste no Sistema Solar que possui líquido em sua superfície. Contudo, em vez de apenas água, essa lua é coberta por rios e lagos de metano e etano – característica notada pela sonda Huygens, também da Nasa, que foi até lá há mais de 20 anos.

“O que não sabemos é a composição exata do oceano, sua densidade, seu perfil térmico, a estrutura geral da crosta gelada em cima dele”, afirma Mike Malaska, pesquisador do projeto no Jet Propulsion Lab.

Nasa/Johns Hopkins APL

O Dragonfly é um quadricóptero duplo que aproveita o ambiente em Titã para voar para vários locais, a algumas centenas de quilômetros de distância, para recolher amostras de materiais e determinar a composição da superfície. Imagem: Nasa/Divulgação

A missão Dragonfly tem quatro objetivos principais. Os dois primeiros são analisar como as moléculas são transportadas da superfície de Titã para seus oceanos e descobrir se compostos orgânicos complexos são capazes de sobreviver nos vastos oceanos sob a superfícies. Os dois segundos dependem dos resultados dos primeiros, e são explorar quanta energia química está disponível e pode ser metabolizada por organismos vivos e detectar as bioassinaturas que eventualmente tenham sido deixadas no oceano.

A temperatura da superfície em Titã é sempre de -292°C, com uma variação apenas de 1 ou 2 graus para cima ou para baixo. A atmosfera é tão espessa que muitos poucos raios de luz chegam ao chão. Mas, mesmo assim, essa lua continua sendo um dos melhores candidatos para abrigar vida extraterrestre no Sistema Solar.

“Titã tem todos os principais ingredientes necessários para a vida”, disse Lori Glaze, diretor da divisão de ciência planetária da Nasa. Na atmosfera do satélite, as espaçonaves já detectaram carbono, hidrogênio, nitrogênio, etano e outros elementos dos quais a vida na Terra depende. Eles até encontraram um composto que poderia interagir com o metano e o etano para criar membranas semelhantes a células.

Durante 2,7 anos, o drone Dragonfly explorará diversos ambientes, desde dunas orgânicas até o fundo de uma cratera de impacto, onde água líquida e materiais orgânicos complexos, essenciais para a vida, coexistem a possivelmente dezenas de milhares de anos.

Via: Nasa

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital