O Sol emite continuamente no espaço ondas de plasma carregadas de energia e matéria. Conhecidas como ventos solares, essas atividades estão associadas a um fenômeno descrito por cientistas como space weather (meteorologia espacial em tradução livre). Segundo a Nasa, o termo refere-se, geralmente, a ocorrências solares que impactam a Terra, desde a formação de auroras boreais até no funcionamento dos satélites na órbita do planeta.
Se por um lado, astrônomos já conhecem o fenômeno, por outro, prevê-lo ainda representa um desafio. Na tentativa de confrontar esse problema, a Nasa anunciou uma missão espacial, denominada SunRISE, para investigar detalhes da relação entre as atividades solares e a meteorologia espacial.
A agência americana marcou para 2023 o lançamento de um telescópio que será capaz de estudar as ondas de radiação emitidas na ocorrência de ventos solares, assim como, as ejeções de massa coronal, isto é, os bilhões de toneladas de matéria introduzidas pelo Sol no espaço.
“Estamos orgulhosos de anunciar essa nova missão a nossa frota de espaçonaves que vai nos ajudar a entender o Sol e como a estrela influência no ambiente espacial entre os planetas”, disse o diretor da divisão de heliofísica da Nasa, Nicky Fox, em nota oficial.
O equipamento projetado pela Nasa corresponde à combinação de seis pequenos satélites que devem ocupar juntos uma porção de 10 quilômetros na órbita da Terra, a uma altitude estimada de 35 mil quilômetros. A ideia é manter o SunRISE acima da ionosfera, câmada atmosférica que impede a incidência de parte relevante das ondas de radiação no planeta.
Espera-se que o telescópio possa mapear a influência do campo magnético do Sol ao longo do espaço. Os dados coletados ainda devem servir para os cientistas entenderam como diferentes partes das ejeções de massa coronal aceleram, bem como investigar se esses eventos são acompanhados por rajadas de radiação, o que pode ser um indicador fundamental para o desenvolvimento das previsões da meteorologia espacial.
Em entrevista ao site Space.com, Justin Kasper, líder da missão SunRiSE, diz que os pesquisadores já conseguem detectar a agitação solar e quando as ejeções de massa coronal começam a se desprender do Sol. A dúvida, no entanto, é entender se esses fenômenos vão produzir partículas de radiação que podem atingir a Terra.
“Uma das razões [para o problema] é que não podemos ver a aceleração das partículas. Nós só a detectamos quando atingem uma espaçonave. Saber que partes da ejeção de massa coronal são responsáveis por produzir a partícula de radiação vai nos ajudar a entender como a aceleração acontece”, disse o pesquisador da Universidade de Michigan.
De acordo com Fox, quanto mais os cientistas souberem sobre a erupções solares e o eventos de meteorologia espacial “mais poderemos mitigar seus efeitos em espaçonaves e astronautas”.