Humanos vão arruinar o espaço, diz astrobióloga

Em artigo, Monica Vidaurri clama por uma legislação espacial concreta para punir responsáveis por danos ao espaço sideral
Redação28/10/2019 22h24, atualizada em 29/10/2019 11h41

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Na Terra, conflitos internacionais são a norma, grupos com poder exploram continuamente aqueles que não o possuem – e tudo isso para não falar dos inúmeros danos que causamos ao meio ambiente. Se os humanos não tomarem medidas concretas, causaremos o mesmo estrago no espaço, explica a astrobióloga Monica Vidaurri, em artigo ao site Quartz.

Como Vidaurri aponta, a exploração humana do espaço é relativamente nova e, até agora, tem sido pautada pela paz e pelo trabalho colaborativo. A histórica rivalidade entre os Estados Unidos e a Rússia não impediu que os cientistas dos dois países desenvolvessem juntos a Estação Espacial Internacional. Equipes da China e do Irã contribuem com tecnologia para missões espaciais dos EUA, que, por sua vez, já trabalharam com o Japão, Austrália, Canadá e outras nações.

Ainda mais surpreendente do que a cooperação “espontânea” no espaço é o fato de que, além do Acordo Intergovernamental de 1998 sobre Cooperação na Estação Espacial, existem poucas regras ou regulamentos que norteiam os esforços espaciais.

No entanto, de acordo com Vidaurri, as falhas neste sistema de zero legislação estão começando a aparecer, à medida que o espaço se torna mais trafegado. Isso não só ameaça o clima de paz na exploração espacial, como coloca em risco a própria saúde do espaço.

Terra sem leis?

Nos últimos meses, satélites chineses e indianos destruídos produziram toneladas de detritos espaciais. O módulo lunar israelense Beresheet foi além e contaminou a superfície da Lua com tardígrados após um pouso forçado.

Aqui na Terra, a pesquisa astronômica foi comprometida pela luz emitida pela constelação de satélites Starlink da SpaceX, lançada recentemente. Enquanto isso, direitos de havaianos nativos foram deixados de lado quando uma equipe internacional de astrônomos decidiu que queria usar suas terras para posicionar um novo telescópio.

Como não há leis ou políticas sobre como lidar com estes casos, as nações e empresas culpadas pelos incidentes podem ter sido criticadas, mas não foram responsabilizadas – algo que pode, e deve, mudar urgentemente no futuro.

“Quando se trata de uma indústria tão jovem quanto a exploração espacial, é importante reconhecer a colonização, o imperialismo e a exploração como não apenas uma série de grandes eventos históricos dos quais a humanidade ainda está se recuperando, mas como coisas que podem inspirar leis futuras que determinarão nosso destino no espaço”, escreve Vendaurri em seu artigo.

“Recusar-se a fazer mudanças hoje”, conclui a astrobióloga, “só garante que continuaremos a facilitar os males da humanidade em um campo que tem o potencial de trazer o melhor de nós.”

Colaboração para o Olhar Digital

Redação é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital