A uma distância de 30 milhões anos-luz da Terra, a galáxia NGC 4490 chama atenção de cientistas por sua forma como um casulo, característica que lhe rendeu o apelido de Cocoon Galaxy.
Mas ao estudar a NGC 4490, astrônomos da Universidade Estadual de Iowa, no Estados Unidos, capturaram a imagem de um fenômeno extremamente raro chamado ‘núcleo duplicado’, que pode explicar o que acontece nesta galáxia misteriosa.
Em outras palavras, diferente do que sabemos até agora sobre a Via Láctea, a Cocoon Galaxy detém dois, e não um, núcleo em sua formação.
“Eu vi o núcleo duplicado há sete anos”, disse o astrônomo Allen Lawrence, que foi pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison, antes de se mudar para a instituição de Iowa.
Detectar o fenômeno não foi nada fácil. Isso porque cientistas precisaram de diferentes equipamentos para identificar cada núcleo. Enquanto um exigiu o uso de telescópio óptico, o outro, coberto por poeira cósmica, só pode ser localizado com a ajuda de um telescópio emissor de ondas infravermelhas.
Segundo Lawrence, os dois núcleos apresentam o mesmo tamanho, massa e luminosidade. O astrônomo e seus colegas suspeitam que a Cocoon Galaxy se encontra em estágios finais de uma colisão entre duas galáxias. Esse fato poderia explicar o porquê a galáxia aparenta estar envolta por uma extensa camada de hidrogênio.
“O intrigante nessa descoberta é que a morfologia de núcleos duplicados não são comuns na estrutura de galáxias espirais”- dizem os autores do estudo, sobre a Cocoon Galaxy.
“Por exemplo, o projeto Spitzer Infrared Nearby Galaxy Survey (SINGS), um ecossistema de 75 galáxias próximas que inclui toda uma gama de tipos de galáxia. Embora este não seja um levantamento completo, nenhuma das galáxias espirais observadas como parte do SINGS mostra uma morfologia de dois núcleos no infravermelho próximo e médio, como vemos na NGC 4490”, completa.
Em 2004, um grupo de cientistas publicou um catálogo de Galáxias de Núcleo Duplicado, na revista The American Astronomical Society, no qual identificaram apenas 107 registros do fenômeno. Na lista, apenas a Markarian 315 (6.000 anos luz da Terra) apresentava características como a Cocoon Galaxy.
Mas o que mais interessa os astrônomos em toda essa história é a oportunidade dos núcleos duplicados servirem como canais para explorar outros objetos cósmicos, como os buracos negros.
“Esse projeto demonstra que usar múltiplos tamanhos de onda em observações do espaço e da terra pode nos ajudar a entender um objeto em particular”, diz o astrofísico Charles Kerton.
Fonte: ScienceAlert