Estação Espacial Internacional irá rastrear a migração de animais

Projeto Icarus usa pequenos transmissores que já foram instalados em mais de 800 espécies, de morcegos a elefantes
Rafael Rigues12/06/2020 13h50

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Pesquisadores do Insituto Max Planck, na Alemanha, ativaram nesta semana um projeto que usará uma antena a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) para rastrear a migração de várias espécies animais em todo o planeta.

Batizado de Icarus (International Cooperation for Animal Research Using Space, Cooperação Internacional para Pesquisa Animal Usando o Espaço), o projeto faz uso de pequenos rastreadores acoplados aos animais, equipados com uma antena que transmite à ISS dados como sua localização e temperatura ambiente, entre outros.

Os rastreadores são projetados para durar toda a vida do animal, têm o tamanho de um pendrive pequeno, pesam apenas 5 gramas e são alimentados por energia solar. Uma vantagem é o preço: enquanto um rastreador tradicional via satélite pode custar “milhares de dólares”, um rastreador Icarus custa cerca de US$ 500 (R$ 2.500).

Eles estão instalados em mais de 800 espécies, de morcegos a elefantes. “Os sensores permitirão que os animais sejam nossos olhos, ouvidos e narizes no mundo”, disse Martin Wikelski, diretor de pesquisa em migração no Instituto.

“No futuro, usaremos todos os tipos de animais voadores como drones meteorológicos”, afirmou. “Para nós, é impossível medir a temperatura a 20 metros de altura no meio do oceano pacífico, mas pássaros fazem isso o tempo todo”.

Reprodução

Rastreador do projeto Icarus, que vai usar a ISS para monitorar a migração de animais. Fonte: MPI f. Animal Behavior / J. Stierle.

Além de ajudar na conservação das espécies, o Icarus também pode trazer benefícios mais diretos para a humanidade. Rastreadores colocados em cabras que vivem nas encostas do Monte Etna, um vulcão na Itália, mostram que elas fogem para as florestas antes de uma erupção. Isso pode servir como uma espécie de “sistema de alerta” para a população local.

A agricultura também pode se beneficiar. Embora os rastreadores sejam grandes demais para ser colocados em gafanhotos, eles podem ser colocados em garças que comem os ovos dos insetos, ajudando a prever uma explosão populacional.

O projeto tem seus críticos, que apontam para o stress que os animais sofrem ao serem capturados ou carregar os rastreadores, além do fato de que os equipamentos, quando se soltam de um animal, se tornam lixo eletrônico.

Ainda assim, seus criadores não escondem o entusiasmo: “conseguiremos um monte de coisas com o Icarus que não podemos conseguir de nenhuma outra forma”, afirmam.

Fonte: Smithsonian Magazine

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital