Cientista quer ajuda de brasileiros para achar rastreador de tubarões

Equipamento foi usado em expedição em ilha no meio do Atlântico para rastrear os hábitos dos tubarões-baleia, e pode ser trazido até nosso litoral pelas correntes marinhas
Rafael Rigues11/07/2019 18h43, atualizada em 13/07/2019 18h00

20190711034859

Compartilhe esta matéria

Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O Dr. Alistair Dove, biólogo marinho e conservacionista do Georgia Aquarium em Atlanta, na Geórgia, recorreu ao Twitter nessa semana com um pedido inusitado: ajuda dos brasileiros para encontrar uma “etiqueta” eletrônica usada para rastrear tubarões-baleia.

Tubarões-baleia são alguns dos maiores animais dos oceanos. Um macho adulto tem em média 10 metros de comprimento e pesa 9 toneladas, embora animais com até 18 metros de comprimento e 21 toneladas de peso já tenham sido reportados. São animais solitários, que podem viver cerca de 70 anos em alto-mar em águas tropicais.

Apesar de parentes de outras espécies de tubarão, os tubarões-baleia são dóceis “filtradores”, ou seja, ingerem grandes quantidades de água, que passa através de dentes especiais onde ovas de peixe, copépodes e krill (pequenos crustáceos), seu verdadeiro alimento, são retidos.

O Georgia Aquarium financia esforços de pesquisa e conservação, e foi em março deste ano, durante uma expedição de pesquisa à ilha de Santa Elena, 2.000 Km a oeste da costa da Namíbia, que esta história começou. Cientistas acreditam que a ilha é um dos poucos lugares do mundo onde tubarões-baleia macho se reúnem para acasalar. Durante mais de 70 horas na água, eles registraram 175 encontros com os animais.

Para monitorá-los, incluido o local onde vivem, padrões de migração e profundidade a que mergulham, eles são marcados com “etiquetas” eletrônicas projetadas pelo Dr. Dove e desenvolvidas por Thomas Maughan, do Instituto de Pesquisa do Aquário de Monterey Bay, que são capazes de resistir a profundidades de até 6 mil metros.

Reprodução

Mas segundo o pesquisador, as etiquetas não são permanentes. “Elas são projetadas para se soltar do animal após 100 dias, em parte porque elas não podem se comunicar com o satélite se estiverem submersas. Temos dois mecanismos, uma trava eletrônica e um “elo” feito de material que é corroído pela água, para termos certeza de que ela se soltou”, diz via Twitter.

Além disso, “é difícil anexar equipamento eletrônico ao maior peixe do mundo e fazê-lo carregar a etiqueta na água salgada, que é corrosiva, às vezes a profundidades extremas que podem esmagar a maioria dos equipamentos”, explica.

Reprodução

Uma vez soltas, as etiquetas são levadas pelas correntes marinhas, e é por isso que o Dr. Dove acredita que elas possam acabar vindo parar nosso litoral. Na última vez que uma etiqueta se soltou perto de Santa Helena, ela foi resgatada nas proximidades do arquipélago de Abrolhos, na costa do sul da Bahia, a mais de 3 mil kilômetros de distância. Segundo o pesquisador, a etiqueta atual pode seguir o mesmo caminho, e acabar no litoral da Bahia ou Espírito Santo. A etiqueta “não vale nada para ninguém, exceto para mim. Mas os dados científicos contidos nela podem ser inestimáveis”, diz o Dr. Dove.

Você pode saber mais sobre a expedição neste site. E se você encontrar a etiqueta, por favor entre em contato com o pesquisador via Twitter (o usuário é @DrAlistairDove) ou através do endereço de e-mail escrito nela. A comunidade científica agradece.

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital