Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, revelou novos detalhes sobre a atividades sísmica de Marte, que podem ajudar a desvendar mistérios acerca da formação do planeta vermelho.
Liderada pelo professor Keisuke Nishida, a pesquisa simulou as condições de um terremoto na camada superior do núcleo do planeta. Para isso, os cientistas aqueceram um material composto por ligas de sulfeto de ferro, fundido a uma temperatura de 1.532 graus Celsius. O grupo esmagou a amostra sob uma pressão de 13 gigapascais usando uma prensa “multi-anvil”.
O experimento provocou ondas sísmicas primárias (P-Waves) que se propagaram em uma velocidade de 4.680 metros por segundo pela liga de sulfeto de ferro. Nishida e sua equipe ainda registraram imagens da ação usando feixes de raios X com auxílio de síncrotrons, uma espécie de acelerador cíclico de partículas.
As ondas P representam ondas elásticas que se propagam em um meio contínuo. Elas podem ser produzidas durante terremotos e recebem esse nome porque, na ocorrência de um abalo sísmico, são as primeiras a ser registradas por um sismógrafo. Além disso, existem ainda as ondas S, em referência a “ondas secundárias”, responsáveis pelo segundo tremor durante um terremoto. Ambos os fenômenos são importantes para estimar a o ponto de origem de um tremor.
“Devido a obstáculos técnicos, foram necessários mais de três anos para que pudéssemos coletar os dados que precisávamos. Por isso estou muito satisfeito de concluir esta etapa”, disse Nishida em comunicado obtido pelo site Space.
“A amostra é extremamente pequena, o que pode surpreender algumas pessoas, dada a enorme escala do fenômeno que estamos efetivamente simulando. No entanto, experimentos de alta pressão em microescala ajudam a explorar estruturas em macroescala e as histórias evolutivas de planetas”, completou.
Contribuições
Cientistas já suspeitam há algum tempo que a liga de sulfato de ferro é o principal componente do núcleo superior de Marte. Para Nishida, no entanto, é fundamental gerar mais conhecimento sobre as propriedades sísmicas da liga de sulfato de ferro para que a ciência possa confirmar ou, quem sabe, descartar essa hipótese.
Ele acredita que o estudo pode ajudar pesquisadores a ler os dados sísmicos marcianos com mais precisão. Assim será possível esclarecer se realmente o núcleo superior do planeta vermelho é composto por ligas de sulfato de ferro e descobrir novas informações sobre a origem do astro.
“Se não for [confirmada a hipótese], isso nos dirá algo sobre as origens de Marte”, disse Nishida. “Por exemplo, se o núcleo de Marte inclui silício e oxigênio, isso sugere que, como a Terra, Marte sofreu um enorme evento de impacto ao se formar. Então, do que Marte é feito e como foi formado? Acho que estamos prestes a encontrar respostas.”
Fonte: Space