Cientistas encontram buracos negros que podem estar prestes a se fundir

Objeto batizado de "Spikey" pode ser composto por dois buracos negros próximos, que poderão se fundir nos próximos 100 mil anos
Rafael Rigues11/02/2020 13h53

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Astrofísicos da Universidade de Harvard e do Instituto Smithsonian, nos EUA, encontraram um objeto que pode ser composto por dois buracos negros que estão “prestes” a se fundir. Caso seja confirmado, ele pode nos ajudar a entender melhor o que acontece quando duas galáxias se unem.

A maioria das galáxias tem em seu centro um buraco negro. Estes corpos celestes não emitem luz própria, mas as imensas nuvens de poeira e matéria estelar que orbitam ao seu redor, aceleradas a altíssimas velocidades pela enorme força gravitacional, “brilham” no espectro de raios-x, o que permite que sejam detectados. Estes buracos negros são chamados de Núcleos Galácticos Ativos, ou AGNs (Active Galactic Nuclei)

Em 2017 os pesquisadores Daniel D’Orazio e Rosanne Di Stefano calcularam que dois buracos negros prestes a se fundir, com um orbitando ao redor do outro, emitiriam uma “assinatura” ou pico de raios-x única, já que a imensa força gravitacional de um buraco negro mais “à frente” (de nosso ponto de vista) deformaria o espaço, agindo como uma “lente” e ampliando a imagem e sinal do buraco negro mais atrás.

Em outubro de 2019, ao analisar dados colhidos pelo telescópio espacial Kepler em 2011, os pesquisadores encontraram um AGN batizado de Spikey, com um estranho “pico” (Spike, em inglês) em seu sinal. Se esse pico se repetir neste ano, como previsto pelos astrônomos, seria a prova definitiva de que se trata de dois buracos negros prestes a se fundir.

O último parsec

“Prestes”, em escala galáctica, significa “em algum momento nos próximos 100 mil anos”. O evento poderia ajudar os astrônomos a resolver o “Problema do Último Parsec”: quando galáxias colidem, os buracos negros supermassivos em seus centros eventualmente são atraídos para o centro da nova galáxia resultante.

Observações de galáxias que estão se fundindo mostram ou buracos negros gigantescos, resultado da fusão de buracos menores, ou então buracos negros orbitando a apenas alguns parsecs (um parsec representa cerca de 3,26 anos-luz) um do outro

Entretanto, quando estão a cerca de um parsec um do outro, a força da gravidade não é suficiente para continuar atraindo buracos negros supermassivos. Sem um “empurrão”, como um fluxo de matéria a ser engolida, eles podem acabar se mantendo em um arranjo estável até o final do universo.

“Não temos uma boa compreensão do que acontece nesse parsec final”, diz Matthew Graham, cosmologista do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que não participou do novo estudo. “Temos um entendimento teórico, mas não temos boas evidências observacionais para comparar com a teoria”.

Fonte: Scientific American

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital