Cientistas descobrem como transformar lixo em grafeno ‘em um flash’

Processo é mais rápido e muito mais barato que os métodos atuais. Apenas 0,1% de grafeno misturado ao cimento seria o suficiente para produzir concreto 17% mais forte
Rafael Rigues28/01/2020 12h03, atualizada em 28/01/2020 12h05

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A equipe do químico James Tour, da Rice University nos Estados Unidos, descobriu uma forma de transformar lixo em valioso grafeno “em um flash”, usando um breve pulso de energia que aquece o material a 5.000 ºC. Barato, o processo chamado de “flash graphene” também é rápido: tudo acontece em apenas 10 milissegundos.

Segundo Tour, a matéria-prima pode ser qualquer fonte de carbono, como restos de comida, material orgânico, plásticos misturados ou pneus de borracha. Após um flash, o que sobra na câmara do reator é “puro grafeno”: todas as outras substâncias são transformadas em gases, que podem ser capturados, separados e reaproveitados.

O grafeno produzido é do tipo “turbostrático”, cujas folhas, com apenas um átomo de carbono de espessura, podem ser facilmente separadas. Em outros métodos, como a esfoliação de um bloco de carbono, a separação é muito mais difícil.

De acordo com o cientista, apenas 0,1% de grafeno, por volume, misturado ao cimento usado na produção de concreto resultaria em um material 17% mais resistente e seria o suficiente para reduzir seu impacto ambiental em um terço. Atualmente, grafeno não é usado devido ao seu alto preço, que pode variar de US$ 67 mil (mais de US$ 280 mil) a US$ 200 mil (mais de R$ 840 mil) o quilo, dependendo da qualidade do material.

“Ao fortalecer o concreto com grafeno, podemos usar menos concreto para a construção e ele custará menos para fabricar e transportar”, disse ele. “Essencialmente, estamos capturando gases de efeito estufa, como dióxido de carbono e metano, que seriam emitidos pelos resíduos em aterros sanitários. Estamos convertendo essas formas de carbono em grafeno e adicionando esse grafeno ao concreto, diminuindo a quantidade de dióxido de carbono gerado na fabricação de concreto. Com o grafeno, temos um cenário ambiental em que todos ganham”.

Com o novo processo, Tour espera produzir um quilograma de grafeno por dia dentro de dois anos, começando com um projeto recentemente financiado pelo Departamento de Energia dos EUA para converter carvão. “Isso poderia fornecer uma saída para o carvão em grande escala, convertendo-o de maneira barata em material de construção de valor muito mais alto”, disse ele.

Fonte: Phys.org

Colunista

Rafael Rigues é colunista no Olhar Digital