A primeira missão da China rumo ao espaço profundo está a caminho de Marte. O lançamento do foguete Long March 5 aconteceu às 12h40 (horário local) desta quinta-feira (23), e, se tudo ocorrer como o previsto, a sonda deve chegar ao planeta vermelho daqui a sete meses, em fevereiro de 2021. 

A sonda enviada a Marte é chamada “Tianwen-1” (“perguntas celestiais-1”, em tradução livre), inspirada no livro de mesmo nome do poeta chinês Qu Yuan. Ela é formada por três elementos: um módulo de aterrissagem, um rover (robô) e um orbitador.  

 

 

O rover, com a ajuda do módulo de aterrissagem, pousará no solo de Marte e atuará por 90 dias coletando informações detalhadas da superfície. Ele é movido a energia solar e equipado com uma câmera e cinco instrumentos científicos. Dentre eles, estão um monitor metereológico, um detector de campo magnético e um radar de exploração subterrânea. Este último irá auxiliar o robô a conhecer o subsolo de Marte, aumentando a expectativa de encontrar água abaixo da superfície.  

 

Já o orbitador passará cerca de 690 dias estudando a atmosfera do planeta. Ele conta com sete intrumentos: duas câmeras, um radar de exploração de superfície, um espectrômetro de mineralogia, um magnetômetro, um analisador de partículas íon e um analisador de partículas energéticas. 

De acordo com um paper publicado na revista Nature, a missão Tianwen-1 tem cinco objetivos principais: 

  • Mapear a morfologia e estrutura geológica do planeta
  • Investigar características do solo, inclusive a presença de gelo ou água
  • Analisar a composição material da superfície
  • Medir a ionosfera e outras características do clima e meio ambiente de Marte
  • Conhecer os campos magnético e gravitacional do planeta

China em Marte

Esta não é a primeira tentativa da China de chegar a Marte. Em 2011, o país enviou um orbitador na missão russa Phobos-Grunt, cujo objetivo era pousar em Phobos, uma das luas de Marte. O foguete apresentou problemas e não conseguiu sair das proximidades da Terra. Meses depois, a sonda — que deveria voltar em 2014 com amostras do solo de Phobos — caiu no oceano pacífico.  

Desta vez, todo o material da missão é de origem chinesa. Anteriormente, as tecnologias usadas na Tianwen foram testadas nas missões lunares Chang’e e Yutu, o que aumenta as chances de sucesso da sonda. 

Com a Tianwen-1, a China entra definitivamente na corrida espacial. Esta é uma das três missões rumo a Marte que acontecem no intervalo de 11 dias. Na última semana, os Emirados Árabes Unidos enviaram um satélite para orbitar o planeta; os Estados Unidos também têm um rover a caminho, o “Perseverance”, que deve partir da Terra em 30 de julho. 

 Via: BBC