Bactérias se tornam mais resistentes no espaço; entenda o motivo

Resistência a antibióticos é preocupante para futuras missões tripuladas; revestimento feito a partir de metais nobres pode ser a solução
Davi Medeiros10/08/2020 16h16, atualizada em 10/08/2020 16h19

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Os avanços tecnológicos relacionados às viagens espaciais trazem uma série de vantagens, mas também reacendem uma antiga preocupação. Um estudo publicado anos atrás na Plos One indicou que, quando submetidas a baixos níveis de gravidade, as bactérias podem se tornar mais resistentes e possivelmente mortais.

A baixa gravidade favorece a formação de biofilmes, que são comunidades bacterianas com elevado grau de organização. Nessas condições, os microorganismos expelem uma substância polimérica semelhante a uma cola, que faz com que eles fiquem fortemente unidos. A finalidade deste processo é justamente intensificar o potencial de sobrevivência das bactérias e, portanto, elas se tornam mais resistentes a antibióticos.

Além da formação de biofilmes, a ausência de gravidade pode alterar a maneira como as bactérias absorvem os medicamentos que deveriam combatê-las. Nesse caso, elas estariam duplamente preparadas contra os antibióticos, aumentando consideravelmente sua capacidade de infecção.

Possível solução está em desenvolvimento

Os biofilmes bacterianos não são novidade na exploração do espaço. A estação espacial soviética MIR, que operou de 1986 a 2001, registrou a presença desse “plástico” microbiano em seu sistema de controle térmico, unidade de reciclagem de água, ar condicionado e janelas de navegação. Se expostas por muito tempo aos microorganismos, essas estruturas podem sofrer sérios danos.

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Visão microscópica da formação de um biofilme. Imagem: Contipro/BacteriaInPhotos 

Problemas semelhantes também foram verificados e estudados na Estação Espacial Internacional (ISS). De acordo com estudo publicado na National Library of Medicine, foram encontrados microorganismos em abundância nas superfícies e filtros de ar da estação.

“O aumento da resistência a antibióticos em bactérias isoladas na ISS tem sido frequentemente relatado”, informa a pesquisa. “Isso pode afetar a resposta imunológica dos tripulantes, constituindo uma ameaça à sua saúde”.

Como possível solução para o problema, o estudo aponta o revestimento antimicrobiano AGXX, um material autorreciclável produzido a partir da junção de dois metais nobres. Em testes conduzidos na ISS, o produto conseguiu reduzir drasticamente o crescimento microbiano de patógenos multirresistentes.

Se continuar demonstrando resultados promissores, o AGXX deverá ser utilizado em futuras missões tripuladas para Marte. Sua eficiência é um dos pontos-chave para superar um dos maiores desafios relacionados às viagens ao espaço profundo. Afinal, a milhões de quilômetros de qualquer serviço médico, uma infecção bacteriana praticamente incurável seria desastrosa.

Via: The Next Web

Colaboração para o Olhar Digital

Davi Medeiros é colaboração para o olhar digital no Olhar Digital