Bactérias ‘kamikazes’ cometem suicídio em massa para proteger a colônia

Descoberta descrita em estudo de pesquisadores da Universidade de Oxford pode levar à criação de bactérias probióticas que poderão ser usadas para promover a saúde e tratar infecções
Cesar Schaeffer05/06/2020 15h05

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Bactérias são organismos agressivos que desenvolveram uma série de formas extremamente agressivas de inibir e destruir seus rivais. Em uma estratégia “kamikaze”, foi descoberto que as bactérias são capazes de cometerem suicídio em massa para, assim, quando morrerem, liberarem quantidade de toxina suficiente para matar outras cepas. É que mostra um novo estudo publicado por pesquisadores dos Departamentos de Zoologia e Bioquímica da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

No mundo natural, comportamentos suicidas são bastante difíceis de serem entendido. Ainda assim, esta nova pesquisa britânica mostra que milhões de bactérias se envolvem simultaneamente em um suicídio em massa com um objetivo comum. Curioso é que a descoberta tem semelhanças impressionantes com comportamentos observados em alguns insetos, abelhas e formigas, que também lançam ataques em massa contra invasores, onde a maioria morre.

“O grande número de bactérias que morreram nesses ataques foi muito surpreendente”, diz a Dra. Elisa Granato, uma das autoras da pesquisa. Mas o estudo explica por que elas fazem isso: as células se envolvem neste comportamento suicida quando já estão prestes a morrer de qualquer maneira pela toxina de um concorrente. “Esse comportamento representa o último ataque ofegante das células moribundas, o que lhes permite montar um contra-ataque formidável antes que eles próprios pereçam”, completou ela. 

A análise deste comportamento das bactérias foi possível graças à microscopia de fluorescência em lapso de tempo 3D. Isso significa que os cientistas encontraram uma forma de fazer as células mudarem de cor quando estavam envolvidas no “ataque suicida”.

Reprodução 

“Bactérias, como a E. coli, podem ser patógenos mortais e [ao mesmo tempo] organismos protetores que vivem dentro de nós. Se essas bactérias vencem suas guerras, portanto, pode ser a diferença entre boa saúde e uma devastadora”, explica o professor Kevin Foster, da Universidade de Oxford. “O estudo da guerra bacteriana pode nos ajudar a afastar patógenos e promover as chamadas bactérias amigáveis”.

A esperança agora com a nova descoberta das bactérias “kamikazes” é que, entendendo melhor a dinâmica e as regras das guerras bacterianas seja possível projetar – em laboratório – bactérias probióticas que possam ser usadas para promover a saúde e tratar infecções.

Via: Phys.org

Redator(a)

Cesar Schaeffer é redator(a) no Olhar Digital