Cientistas encontraram um planeta “gigante”, localizado a 260 anos-luz da Terra, que orbita sua estrela a uma proximidade 60 vezes maior do que a nossa em relação ao Sol. A descoberta foi relatada nesta segunda-feira (21) no periódico Nature Astronomy

Os astrônomos utilizavam o telescópio Transiting Exoplanet Survey Satellite (TESS), da Nasa, para observar a estrela LTT 9779, muito parecida com o nosso Sol, quando descobriram o exoplaneta orbitando ao seu redor. Batizado como LTT 9779 b, ele é cerca de 4,7 vezes maior que a Terra em diâmetro e 29 vezes em massa.

Não é preciso analisá-lo com muita profundidade para saber que não existem chances de ele ser habitável. O planeta é tão próximo de sua estrela, que sua temperatura média diária é de aproximadamente 1.700 graus Celsius.

A proximidade faz com que a força gravitacional sofrida por ele seja intensa, também. O LTT 9779 b leva somente 19 horas para dar uma volta completa ao redor de sua estrela. A nível de comparação, o planeta mais próximo do Sol no Sistema Solar, Mercúrio, demora 88 dias para completar o movimento de translação. 

O “ano” de 19 horas levou o LTT 9779 b a ser classificado como um planeta de período ultracurto. Pesquisas anteriores mostram que cerca de uma a cada 200 estrelas semelhantes ao Sol possui um planeta que a orbita em menos de um dia da Terra, recebendo a mesma classificação.

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Impressão artística do LTT 9779 b. Imagem: Ricardo Ramirez/Universidade do Chile

Netuno ultraquente 

A maioria dos planetas de período ultracurto conhecidos anteriormente era de dois tipos:

  • Rochosos e até duas vezes menores que a Terra;
  • Ou gigantes gasosos semelhantes a Júpiter, chamados “Júpiteres quentes”, com até 10 vezes o diâmetro do nosso planeta.  

O exoplaneta recém-descoberto é o primeiro a ter tamanho intermediário e, por isso, foi apelidado como “Netuno ultraquente”. 

Netuno” porque, no Sistema Solar, este é o planeta que está entre a Terra e Júpiter em tamanho. E “ultraquente” porque suas temperaturas são elevadas o bastante até mesmo para quebrar as moléculas de seus elementos constituintes e ionizar metais em sua atmosfera.

De acordo com James Jenkins, astrônomo da Universidade do Chile e um dos autores da descoberta, o calor intenso pode fazer com que sua atmosfera seja “muito diferente daquelas encontradas em planetas apenas ‘quentes’, tornando o LTT 9779 b um laboratório interessante para estudar a química dos planetas”.

Atmosfera densa

Era de se esperar que as altas temperaturas devastassem a atmosfera do LTT 9779 b, aponta Jenkins, “devido à radiação de alta energia recebida da estrela”.

Curiosamente, porém, o Netuno ultraquente ainda possui uma atmosfera densa, que, sozinha, tem mais que o dobro da massa da Terra.  

Uma possível explicação para isso, segundo o astrônomo, é “imaginar que o planeta era originalmente muito maior, talvez um gigante gasoso como Júpiter, que foi aos poucos tendo sua atmosfera destruída pela gravidade da estrela”.

Nesse cenário, depois de ter perdido grande parte de sua massa, o LTT 9779 b pode ter se afastado de seu “Sol” e assumido as dimensões que possui atualmente.

Jenkins explica que o próximo passo é analisar a luz que passa pela atmosfera do planeta para investigar por quais elementos ela é constituída, qual é a temperatura ao seu redor e se ela possui nuvens, por exemplo. Otimista com sua pesquisa, o astrônomo garante que “todos ouviremos muito mais sobre este planeta em um futuro próximo”.

Via: Space