Uma iniciativa formada por astrônomos e cidadãos voluntários identificou quase cem possíveis anãs marrons em regiões próximas ao Sol. Esses astros apresentam massa superior a de grandes planetas gasosos, mas não são massivos o suficiente para caracterizarem estrelas.
A pesquisa integra o projeto Backyard Worlds: Planet 9, que é financiado pela Nasa e conta com mais de 100 mil colaboradores dedicados à análise de imagens astronômicas. De acordo com o estudo, foram mapeados o total de 95 candidatos a anãs marrons, parte delas estão entre as anãs com as menores temperaturas já identificadas. Segundo os cientistas, as temperaturas de alguns dos objetos especiais são semelhantes às da Terra.
As anãs marrons podem ser de 13 a 80 vezes mais massivas do que Júpiter, no entanto, elas não têm tamanho suficiente para propiciar a fusão de hidrogênio nuclear. Trata-se do processo que garante o brilho característico de estrelas. Uma vez que esses objetos espaciais não emitem luz como as estrelas, cientistas precisam recorrer a instrumentos especiais para estudá-los, como o telescópio espacial infravermelho WISE, administrado pela Nasa.
Os cidadãos do projeto Backyard World são treinados para analisar imagens do WISE e de outros telescópios para capturar sinais de anãs marrons. O novo estudo ainda contou com a ajuda do espectrômetro NIRES, presente no observatório de Keck, no Havaí, e do recém-aposentado telescópio infravermelho Spitzer.
Comparação do tamanho de outros corpos espaciais com a anã marrom. Da direita para esquerda, a imagem representa a Terra, Júpiter, Anã Marrom, um estrela de “pouca massa” e o Sol. Imagem: NASA/JPL-Caltech/UCB
“Usamos o NIRES para medir a temperatura e os gases presentes em suas atmosferas. Cada espectro corresponde a uma impressão digital que nos permite distinguir uma anã marrom fria de outros tipos de estrelas”, explica Adam Burgasser, coautor do estudo e professor de física da Universidade de San Diego, nos Estados Unidos, em nota.
O autor principal do estudo Aaron Meisner destaca que a descobertas oferecem uma oportunidade para estudar a formação e a atmosfera dos planetas além do Sistema Solar. Segundo ele, o novo conjunto de anãs marrons identificadas “permite estimar com precisão a quantidade de mundos flutuantes que vagam pelo espaço interestelar perto do Sol”, afirma o cientista.
Segundo os pesquisadores, os voluntários do Backyard Worlds já descobriram mais de 1,5 mil estrelas e anãs marrons em regiões próximas ao Sol. A descoberta, no entanto, configura um recorde no número de objetos espaciais identificados em um mesmo estudo do projeto, diz Meisner.
“Embora os novos candidatos as anãs marrons deste trabalho já demonstrem o poder da ciência cidadã para mapear a vizinhança solar, esses objetos representam apenas uma pequena fração das descobertas de objetos móveis do Backyard Worlds até o momento”, conclui o estudo.
Já disponível em pré-publicação no repositório ArXiv, a pesquisa será publicada na revista Astrophysical Journal nesta quinta-feira (20).
Via: Vice