Depois de 16 anos de missão, telescópio Spitzer será desligado

Preparado para observações em infravermelho, o telescópio espacial foi crucial na descoberta de exoplanetas e na identificação de alguns dos objetos mais antigos do universo
Renato Mota30/01/2020 20h14

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Um dos mais antigos telescópios da Nasa ainda em funcionamento, o Telescópio Espacial Spitzer será descomissionado nesta quinta-feira (30) após 16 anos de observações do Espaço profundo, que ajudaram a criar uma imagem mais completa do universo.

Lançado em 2003, Spitzer revelou características anteriormente ocultas de objetos cósmicos conhecidos e levou a descobertas e ideias que abrangem desde o nosso próprio sistema solar até quase os confins do universo.

Ele foi desenhado para observar a parte infravermelha do espectro eletromagnético, permitindo que os cientistas vissem objetos mais frios que as estrelas que emitem luz visível, incluindo exoplanetas (planetas fora do nosso sistema solar), anãs marrons e matéria fria encontrada no espaço interstelar.

“Os avanços que fazemos em muitas áreas da astrofísica no futuro serão por causa do extraordinário legado de Spitzer”, afirmou Paul Hertz, diretor de astrofísica da Nasa. A luz infravermelha refere-se a uma gama de comprimentos de onda no espectro infravermelho, desde os que medem cerca de 700 nanômetros (pequenos demais para serem vistos a olho nu) até cerca de 1 milímetro (aproximadamente o tamanho da cabeça de um alfinete).

Juntos, os telescópios Spitzer e Hubble (que observa principalmente na luz visível e comprimentos de onda infravermelhos mais curtos) identificaram e estudaram a galáxia mais distante observada até hoje. A luz que vemos daquela galáxia foi emitida 13,4 bilhões de anos atrás, quando o universo tinha menos de 5% de sua idade atual.

Algumas das maiores descobertas científicas de Spitzer, incluindo as relativas a exoplanetas, não faziam parte dos objetivos científicos originais da missão. A equipe usou uma técnica chamada “método de trânsito”, que procura por uma redução na luz de uma estrela que resulta quando um planeta passa na frente dele, para confirmar a presença de dois planetas do tamanho da Terra no sistema TRAPPIST-1.

Posteriormente, Spitzer descobriu outros cinco planetas do tamanho da Terra no mesmo sistema – e forneceu informações cruciais sobre suas densidades – totalizando o maior lote de exoplanetas terrestres já descobertos em torno de uma única estrela.

“Quando o Spitzer estava sendo projetado, os cientistas ainda não haviam encontrado um único exoplaneta em trânsito”, lembra Sean Carey, gerente do Spitzer Science Center da Caltech, na Califórnia. “O fato de o Spitzer ter se tornado uma ferramenta tão poderosa para encontrar exoplanetas, quando isso não era algo que seus criadores pudessem ter preparado, é realmente impressionante”.

Os pesquisadores da missão original também não esperavam que o Spitzer operasse por mais de 16 anos. Essa vida útil prolongada levou a alguns dos resultados científicos mais significativos do telescópio, mas também impôs desafios à medida que a espaçonave se afasta mais da Terra.

“Não estava no plano ter o Spitzer operando tão longe da Terra, então a equipe teve que se adaptar ano após ano para manter a espaçonave em operação”, disse Joseph Hunt, gerente de projeto do Spitzer. “Mas acho que superar esse desafio deu às pessoas um grande senso de orgulho na missão”.

 Nesta quinta, os engenheiros desativarão o Spitzer e cessarão as operações científicas. O encerramento foi planejado inicialmente para 2018 em antecipação ao lançamento do Telescópio Espacial James Webb, que também conduzirá a astronomia infravermelha. Quando o lançamento de Webb foi adiado, a missão Spitzer recebeu sua quinta e última extensão, para continuar produzindo ciência.

Via: Space.com/Nasa

Editor(a)

Renato Mota é editor(a) no Olhar Digital